"E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.
Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte" - 2 Co 12. 9,10O conceito de beleza vem sofrendo alterações ao longo do tempo. Com isso, o ser humano vem se reinventando na intenção de sentir-se belo. A autoestima, por vezes, está ligada à nossa aparência e buscamos ajustá-la tentando nos assegurar que pertencemos a um grupo no qual gostaríamos de ser aceitos.
Transformações à parte, os hormônios também interferem em nossa segurança e senso de pertencimento. Assistimos a uma geração que baseia sua vida no sentido de adequar a aparência a um nível comum, aceitável. Essa ânsia nem sempre pode ser satisfeita, o que pode gerar frustrações. Com isso, os recursos mais adotados para amenizá-la podem ser desde pequenos ajustes estéticos a inclusão de psicotrópicos .
Infelizmente, crianças e adolescentes são os mais vulneráveis a baixa autoestima e a não-aceitação de seus corpos. E para esse grupo, a aparência está ainda mais interligada a personalidade, de modo que sofrem constantemente as cobranças estéticas a que todos somos submetidos.
A busca pela perfeição, por vezes, se depara com empecilhos e dificuldades financeiras. E graças a isso, é necessário acompanhar de perto a insegurança e a baixa autoestima que incomodam as crianças e os adolescentes. Diante da transição para a vida adulta, a insegurança pode fazer visitas cada vez mais frequentes ou até mesmo se instalar definitivamente. Poderia aqui limitar essa visita indesejada aos jovens, mas, infelizmente, não é o que vemos. A baixa autoestima atinge todas as idades e classes sociais. Esse problema evidencia a necessidade de acompanhamento psicológico para todos, como um direito e uma alternativa na busca pelo autoconhecimento e a autoaceitação.
Os tempos atuais nos oferecem o veneno e o remédio na mesma medida. De forma que basta um clique em nossas redes sociais para recebermos uma enxurrada de ofertas, propagandas e coisas incríveis prometendo nos tornar imediatamente mais belos, fortes e interessantes, ao passo que, ainda que nos apropriássemos de tudo o que nos é ofertado, continuaríamos com o velho e conhecido sentimento de incompletude que nos torna aquém de um mundo tão eficiente, belo e prático.
As razões para isso são inúmeras e não é minha intenção neste texto questionar noções de consumo. Basta atentar que somos seres humanos, que necessitamos de trocas igualmente humanas que nos permita sentirmo-nos conectados com relações de afeto para a construção de nosso próprio eu; o que pode acrescentar em segurança e noção de pertencimento. Para isso, faz-se relevante nos cercarmos cada vez mais de pessoas em detrimento as tecnologias, sem, é claro, negar sua importância no cotidiano atual.
Um ambiente em que as relações sejam fortalecidas pelo diálogo, pela convivência, intimidade e conhecimento real das pessoas que fazem parte de nosso convívio, pode ser um grande aliado no enfrentamento desse sentimento tão opressor e detestável.
07/11/2022
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Professora Elenir Alves do Nascimento - Pedagoga