CONSTRUINDO
BEZERROS DE OURO
A
INCONSTÂNCIA DOS ISRAELITAS: Moisés havia ido para o
monte a fim de receber os mandamentos de Deus. Passaram-se 40 dias e ele ainda
não havia voltado, então os israelitas pediram a Arão (que havia ficado como
líder na ausência de Moisés) para que lhes fizesse um deus, a fim que fossem
orientados até chegarem à Terra Prometida.
Arão pediu para que lhes
dessem os enfeites de ouro e com ele fez um bezerro de ouro – Ex 34.1-4.
MOISÉS
CHAMA A ATENÇÃO DE ARÃO: Apesar de ter sido o povo que pediu para
Arão lhes fazer um ídolo, é com Arão que Moisés vai pedir explicações. Ao ser
interrogado Arão respondeu a Moisés o seguinte: “Você sabe que este povo é mau”.
Na verdade, Moisés já havia passado poucas e boas com aquela gente, de forma
que certa vez ele disse ao Senhor para ajudá-lo a dar o que o povo queria senão
ele será apedrejado. Ex 17. 3,4.
POR QUE MOISÉS PEDIU EXPLICAÇÃO A ARÃO E NÃO AO
POVO: Porque seu irmão era o líder, e como tal ele era responsável por tudo
o que acontecesse em sua ausência. Assim como Moisés clamava a Deus quando não
sabia mais o que fazer para acalmara o povo, era esperado que Arão tivesse o
mesmo procedimento. Arão deu ao povo o que eles queriam, e isso não é atitude
de um bom líder. O líder sábio dá ao povo o que eles precisam, que nem sempre é
o que querem.
Exemplo prático: Na ausência do líder de uma
grande igreja um repórter perguntou ao seu auxiliar o que eles faziam para a
sua igreja crescer tanto. A resposta do suplente do líder religioso foi a
seguinte: “É simples: damos ao povo o que ele quer”.
Observação: Esta
tem sido a causa de grande parte da decadência que estamos testemunhando nas
igrejas. Ao invés de os líderes espirituais darem ao povo a sã doutrina, sem
pôr nem tirar, preferem ver quantidade ao invés de qualidade, e por isso
observamos muitos templos cheios de ossos e pele, mas sem o Espírito de vida,
assim como na visão de Ezequiel (capítulo 37).
AS
DESCULPAS DE ARÃO E DO POVO E A REAÇÃO DE DEUS E DE MOISÉS: Ex 32.1, 7, 21;
33.13.
1. “Sabes
que este povo é mau” – O apóstolo Paulo se preocupava muito com
isso, de forma que sempre admoestava a Timóteo a perseverar em pregar a sã
doutrina (Veja 2Tm 4.1-5; 3.5; 1Tm 6.10-11).
2. “Não
sabemos o que sucedeu com Moisés, a este homem que nos tirou do Egito”.
Apesar de o povo de Israel dizer que Moisés havia os tirado do Egito, tanto
Moisés como Arão sabiam que fora Deus quem os tirou de lá.
3. A ironia
de Deus: No versículo 7, observamos as palavras de Deus a
Moisés: “Então disse o Senhor a Moisés: Vai, desce; porque o teu povo, que fizeste subir do Egito, se tem corrompido”.
Observe que Deus chama Israel de o povo de
Moisés, ao invés de dizer o meu povo. Na verdade Deus estava ironizando, porque
os israelitas sempre davam os créditos pela sua saída do Egito a Moisés ao
invés de dá-lo a Deus (veja Ex 16.3; 17.3; 32.1).
Apesar de nem sempre Deus falar ele observava
o comportamento do povo em relação a Ele. Em hb 12.28, 29 a Bíblia afirma que nós devemos levar a sério a graça
de Deus porque ele é um fogo consumidor. Ou seja, o mesmo Deus Amor é também um
Fogo consumidor.
Em Is
29.16 observamos Deus repreender o seu povo dizendo-lhes que eles queriam
igualar o vaso (o ser humano) ao oleiro (Deus), e achavam que Ele não soubesse
nada sobre suas criaturas. Ou seja, Deus
às vezes se cala, mas ele sonda nossos pensamentos e esquadrinha o nosso
coração. Ele não é bobo, mas tudo vê e tudo entende. No versículo 13 Ele diz a respeito de Israel: “Este povo me honra com
os lábios, mas o seu coração está longe de mim”.
4. Moisés
insistiu com Deus para que ele considerasse que os israelitas era o seu povo, que
fora o Senhor quem havia tirado aquela gente do Egito: Ex
32.7,11; 33. 1,13.
Observação: O
povo de Israel não compreendia o que Moisés entendia: Sem Deus na liderança
Israel seria uma nação como qualquer outra (Ex 33.15,16). Da mesma forma os
cristãos devem estar conscientes de que sem Cristo não há cristianismo. Jesus
deixou bem claro que sem ele nada poderemos fazer – Jo 15.6b.
ASSIM COMO MOISÉS NÃO RECEBEU PARA SI A
GLÓRIA QUE PERTENCIA A DEUS HOUVE HOMENS NA BÍBLIA QUE TAMBÉM NÃO ACEITARAM:
1. Pedro
e João na porta do tempo: Disseram ao coxo: “Olha para nós”, mas quando o povo
olhava para eles querendo adorá-los Pedro lhes perguntou: Por que estais
olhando para nós?” E anunciou-lhes Jesus. – At 3. 1-4.
2. Paulo
e Barnabé: Queriam adorá-los e lhes oferecem sacrifícios como deuses. A um
chamaram de Júpiter e ao outro de Mercúrio (nome de dois deuses da mitologia
grega). A reação deles foi rasgar suas vestes, em sinal de humilhação, para que
o povo percebessem que eles não eram nada menos do que homens comuns, e com
muita dificuldade conseguiram impedi-los de adorá-los. – At 14.8-18.
3. O
apóstolo Paulo: Ao ser preso alguns se aproveitaram e pregavam o evangelho com
más intenções, mas ao invés de mandar impedi-los Paulo disse que importava é
que o Evangelho estava sendo pregado. – Fp 1. 15-18.
4. João
disse a Jesus que viram um homem expulsando demônios e tentou impedi-lo, no
entanto Jesus lhes admoestou dizendo-lhes que não os impedissem, pois “quem não
é contra nós, é por nós” – Lc 9.49,50.
5. Os
irmãos coríntios discutiam entre si sobre quem era de Paulo e quem era de
Apolo, ao invés de o apóstolo Paulo sentir-se orgulhoso por isso ele os
repreendeu. – 1Co 3.4.
6. João
Batista ao ver Cristo pôs-se a anunciá-lo como o Cordeiro de Deus, e prosseguiu
dizendo: “Convém que ele cresça e eu diminua”.
Exemplo prático: Uma determinada cantora
fora convidada para cantar em um culto de aniversário do grupo de adolescentes
de uma igreja, e durante o culto formou-se uma enorme fila de adolescentes que
ia até a cantora (que estava ao lado do púlpito) a fim de receber autógrafo. O
que deveria ser cultuado ficou esquecido naquela reunião e toda honra e glória
foi dada à cantora.
O RACIOCÍNIO DOS ISRAELITAS:
Para o povo de Israel na ausência de Moisés, e consequentemente, de Deus
(porque para eles, Deus estava preso a Moisés), era só substituir um deus por
outro.
Exemplo prático: Numa
determinada sinagoga estava sendo feito a mudança de rabino. Iam substituir o
antigo rabino por outro que era doutor. Um determinado garoto ao ouvir a
notícia ficou todo entusiasmado ao imaginar que teria a sua disposição um
rabino e um médico, ao mesmo tempo. Um dia, ao ser atacado por dores no
estômago o garoto ligou para o rabino e seguiu-se o seguinte diálogo:
- Alô, posso falar com o rabino doutor?
- Em
que posso ajudá-lo, meu filho? - Respondeu o rabino do outro lado da linha.
- É
que eu estou com dores no estômago e preciso saber o que fazer.
-
Infelizmente, não posso te ajudar porque não sou médico.
-
Que tipo de doutor é o senhor? Perguntou o garoto, confuso.
-
Sou doutor em filosofia. – Respondeu o rabino.
O
garoto pensou alguns minutos e depois indagou:
-
Que tipo de doença é esta?
Observação: Muitos
cristãos são como esse garoto: acham que se tratando de religião é tudo igual,
desde que se fale em Deus e em Jesus, está tudo bem.
Observação: Nem todo caminho leva a Deus, mas
só há um caminho que conduz a Ele e seu nome é Jesus Cristo (Jo 14.6). Nem todo
aquele que fala no nome de Jesus será salvo, mas quem nascer de novo (Mt 7.21;
Jo 3. 1-7). Nem toda a religião é boa, e Tiago diz qual é a verdadeira religião
(Tg 1.27).
O POVO QUERIA A PROMESSA, MAS NÃO SE
IMPORTAVA COM DEUS: Hoje acontece a mesma coisa no meio cristão:
muitos vão a Igreja em busca de prosperidade financeira, reconciliação
conjugal, cura de enfermidades etc. Tais pessoas passam anos na igreja e cada
dia conhecem menos a Deus. Tal qual os nove leprosos recebem suas bênção e vão
embora ao invés de aproximarem-se daquele que lhes concedeu a vitória almejada.
Josué
e Calebe foram os únicos dentre os espias de Canaã que compreendem o que Deus
queria, isto é, que o povo o obedecesse, tivesse um relacionamento real com ele
para quando chegarem a Terra Prometida (ao lugar da bênção desejada) não viesse
a esquecerem-se dele. – Nm 13.8-11.
Exemplo prático 1: Agimos
para com Deus como um noivo no altar que diz à noiva: “Te aceito como minha
lavadeira, cozinheira e faxineira”. Então a noiva lhe responde: “Serei tudo
isso para você, no entanto, antes de tudo isso serei sua esposa, e quero ser
amada e respeitada como tal”.
É
exatamente assim nosso relacionamento com Deus: Ele é nosso salvador, nosso
médico, nosso advogado, mas antes de tudo isso ele é nosso Senhor e Deus.
Exemplo prático 2: Uma
certa garotinha recebeu da mãe um pão com geleia e assim que pegou o pão o
abriu e pôs-se a lamber a geleia. A mão lhe tomou o pão, colocou mais geleia e
advertiu a menina: Se você quiser a geleia vai ter de morder o pão.
Assim
também somos Deus em relação ao céu: para alcançarmos a bênção celestial
precisamos aceitar a Jesus e segui-lo. A primeira geração israelita, que visava
apenas a Terra Prometida não pode entrar porque queriam a promessa mas
rejeitaram o Deus que lhes concederia a bênção.
A Canaã
Celestial, assim como a Terra Prometida dos israelitas, só é acessível aos que
durante o percurso conheceram a Deus, na pessoa de seu Filho Jesus, e o
reconhecem como o único Deus e Salvador.
DEUS SE RECUSOU IR COM ELES: Ex
33.1-3
Vi
um estudo no qual o preletor dizia que podemos dar dois tipos de serviço a Deus: Avodah Zara (que em hebraico é serviço
estranho) ou Avodah kedasha (serviço
reconhecido por Deus).
Exemplo prático 1: Ouvi
falar de uma igreja que estava para colocar ar- condicionado, e apesar de a
maioria dos membros não estarem a favor, os dirigentes e líderes decidiram
fazê-lo pela bem feitoria da casa de Deus. O problema é que tais pessoas parecem
não compreender que os cristãos são o templo do Espírito Santo, e que Deus não
habita em templos feitos por mãos de homens - At 17. 24,25; 1 Co 3.16-19.
Na
realidade o que pretendiam eram ser bem vistos por causa do luxo de seus templos,
independentes de quantas almas perderiam. Com certeza tais atitudes não são
aprovadas por Deus, mesmo tendo sido feitas em nome dele, porque ele vê a
intenção do coração, e tais sacrifícios não passam de avodah zara (serviço estranho).
Exemplo prático 2: Um
outro de tipo de serviço estranho (avodah zara) pode-se ser percebido nas
práticas idólatras que muitos cristãos praticam sob forma de fidelidade.
Podemos dar como exemplo a atitude de alguns
cristãos que preferem suas igrejas à salvação de seus familiares. Um
determinador pregador, tratando do tema “bezerros de ouro” citou o exemplo de
um amigo dele, que apesar de perceber que nem ele, nem sua família estavam
sendo edificados na igreja em que pertenciam, preferia perder sua vida
espiritual a sair daquela igreja, dando por desculpa o fato de ter nascido e
sido criado lá.
Da
mesma forma há cristãos cuja família não gosta da igreja onde ele congrega, e
apesar de saber que saindo de lá poderia ganhar seus familiares para Cristo prefere continuar onde
está a render-se por amor as almas e a Cristo. Este é um tipo de “bezerro de
ouro”, de idolatria, que Deus vê como
avodah zara.
O apóstolo Paulo fala do Avodah Zara,
quando diz a Timóteo haveria pessoas que teriam cara de piedosos, mas na
prática negaria a eficácia da piedade, e ainda os advertiu que nos últimos dias
muitos não iriam dar ouvidos a sã doutrina, mas prefeririam ouvir a fábulas e
seguir seus próprios corações – 2 Tm 3.5; 4.1-5.
O POVO DE ISRAEL SEMPRE QUIS UM DEUS
VISÍVEL:
Não
podemos nos esquecer que aquela gente havia saído do Egito, uma nação onde
havia vários ídolos. O povo de Israel sempre foi favorável a servir um Deus
visível, mas o seu Deus era invisível. Agora que Moisés sumiu eles iriam
realizar o desejo de seus corações.
1Uma
determinada revista mostrava fotos de peças, inclusive ídolos egípcios, que
segundo os arqueólogos devem ter sido trazidos a Israel na época em que o povo foi tirado de lá sob a
liderança de Moisés. Durante muito tempo, apesar de Israel ter saído do Egito,
o Egito continuava no coração do povo israelita. Faraó era o rei deus do Egito.
Seu
desejo de possuir um deus visível não foi permitido por Deus, então,
finalmente, eles pediram um rei visível. E apesar de não concordar com o
descabimento deles, Deus consentiu e ordenou a Samuel que ungisse a Saul e o
pôs sob o trono – 1Sm 8.5-7.
DEUS SÓ ESTÁ NO MEIO DE QUEM OBEDECE AOS
SEUS MANDAMENTOS: Embora Moisés conseguisse o consentimento de
Deus de não matar o povo, O Senhor recusou-se a ir com eles. No entanto, por
amor a Moisés ele prometeu que os acompanharia, no entanto, Moisés deveria
voltar ao monte para Deus escrever novamente os seus mandamentos, e só então
ele aceitaria guiá-los. Assim somos nós: Deus só está conosco se aceitarmos os
seus mandamentos, caso contrário ele se retira e deixa-nos seguir nossos
próprios caminhos – Rm 1.21-32.
CONCLUSÃO: Deus
não recebe serviço que esteja fora das suas diretrizes. Qualquer coisa que
fizermos e cujo objetivo não seja a glória de Deus o Senhor não aceita. É de
suma importância atentarmos para a admoestação de Paulo aos irmãos da Galácia: “Não
erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso
também ceifará”. (Gl 6.7).
Da
mesma forma devemos observar o alerta do próprio Deus em Is 42.8: “Eu sou o
Senhor; este é o meu nome; a minha
glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor às imagens de escultura.
Por Leila Castanha
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