CICATRIZES DA DEVOÇÃO
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A
Igreja tem duas visões para os que têm no corpo as chagas de Jesus: para uns,
é uma graça de Deus; para outros, fruto da histeria.
No sentido religioso, os estigmas são a
reprodução no corpo de uma pessoa das marcas da paixão de Jesus Cristo. Em geral,
ocorrem nas regiões das mãos e dos pés, do peito, da cabeça e das costas, nos mesmos
locais onde, segundo os evangelhos, estariam as marcas e feridas de Cristo
quando foi crucificado. O primeiro estigmatizado de que se tem notícia foi São
Francisco de Assis. Seu propósito era orar para imitar a vida de Jesus Cristo.
Conta-se que, quando ele estava numa montanha, avistou um mensageiro de Deus e,
desde então, teria recebido as marcas dos cravos da crucificação de Cristo nas
mãos e nos pés e a marca de uma lança no peito.
Segundo
o padre Lourenço Kearns, da Congregação Missionária do Santíssimo Redentor, os
estigmas são uma graça de Deus. “Não é qualquer um que tem as chagas. Há uma
profunda intimidade entre as pessoas estigmatizadas e Jesus Cristo, obtida por
meio de uma vida de intensa contemplação”, afirma. Um estigmatizado famoso é o
padre Pio de Pietrelcina (1887-1968), da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos.
Seguidor de São Francisco de Assis, padre Pio tinha feridas que não se
cicatrizavam na palma das mãos. Era objeto de intensa devoção na Itália e foi
canonizado pelo papa João Paulo II em 2002. “Padre Pio levou uma vida de total
comunhão com o Cristo crucificado, o Cristo sofredor”, diz Lourenço.
Dentro
da Igreja Católica, há outras visões. Para o padre Oscar Quevedo, diretor do
centro de Parapsicologia, os estigmas podem sem explicados pela histeria,
neurose caracterizada pela transformação de conflitos psicológicos em sintomas
orgânicos. “São Francisco de Assis era santo, mas também histérico”, diz. Os
estigmas são chamados de dermografia, que significa gravação na pele, e ocorrem
por auto-sugestão. “É o poder da mente de pessoas desequilibradas sobre o
organismo”, afirma.
Segundo
o Padre Quevedo, uma das provas de que os estigmas ocorreriam por auto-sugestão é o fato de que muitos estigmatizados têm feridas na palma da mão. Sabe-se hoje
que, se os cravos estivessem na palma das mãos, a carne se rasgaria. Para
sustentar o peso do corpo pendurado na cruz, os cravos tinham de ser colocados
na altura dos pulsos, numa região chamada espaço de Destot. “Como a imagem que
a maioria dos estigmatizados têm é a de Cristo com os cravos na palma das mãos,
é dessa forma que eles a reproduzem em seus corpos”, diz o padre Quevedo.
Por Lia Hama
(Revista
das Religiões – o mundo da fé, edição 01-Junho 2004).
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