FUNDAMENTOS DA FÉ
TEMA: A DOUTRINA DA TRANSUBSTANCIAÇÃO À LUZ DA BÍBLIA.
A TRANSUBSTANCIAÇÃO é uma doutrina católica cujo ensinamento defende que após ser consagrado os elementos da santa ceia (o pão e o cálice), embora no catolicismo só se utiliza a hóstia (o pão), estes sofrem alteração da substância, de forma que o pão transforma-se, literalmente, no corpo de Jesus, e o vinho em seu sangue.
NEM TODAS AS AUTORIDADES CATÓLICAS CONCORDAVAM COM ESTA DOUTRINA como é o caso de Gelásio I, Gelásio II, São Clemente e Santo Agostinho, todos respeitados representantes do catolicismo.
A BASE DA DOUTRINA DA TRANSUBSTANCIAÇÃO é João 6.51-55.
REFUTAÇÃO A ESSA DOUTRINA:
a) Se na frase "isto é o meu corpo" o pão se transforma, literalmente, no corpo de Cristo, então, ao dizer "Eu sou o pão" (Jo 6.48, 51) Jesus estava afirmando que, naquele momento ele havia se transformado em pão. É claro que ninguém em sã consciência pensaria isso. O que mostra o absurdo da interpretação da transubstanciação.
b) Esta passagem não tem nada a ver com a Santa Ceia: Se esta passagem se refere à Santa Ceia (eucaristia), devemos aceitar a ideia de que os elementos sagrados (pão e vinho) podem salvar (Leia o vers. 51). No entanto, a luz de 1 Co 11.28 quem participa da eucaristia (ou Santa Ceia) pode participar para a própria condenação. Outro problema apontado pela afirmativa de que Jo 6.51-55 trata da Santa Ceia é que o pão (que Jesus afirma ser ele mesmo) salva a quem dele comer, então, como é que o ladrão da cruz recebeu garantia de salvação ("Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso") se ele não participou da ceia? E o que seria dos doentes que morrem sem tempo de cear?
SE FORMOS ANALISAR JO 6, DENTRO DO CONTEXTO observaremos que nos versículos 22-27 antes de Jesus dizer a frase "Eu sou o pão", ele inicia a conversa dizendo aos seus ouvintes que o povo só o procurava porque queria pão (material). Então Jesus lhes adverte a buscarem a comida que não perece: Ele próprio.
O POVO QUE OUVIA JESUS LEVOU SUAS PALAVRAS NA LITERALIDADE o que Jesus dizia, de forma que lhe disseram: "Senhor, dá-nos desse pão!" (v.34). Então Jesus lhes explica o que queria dizer: "Eu sou o pão da vida; e o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim, jamais terá sede". Observe: O que vem a mim, e o crê que em mim, e não o que come a minha carne ou me bebe o meu sangue, o que seria um absurdo, dizer isso de forma literal. Seria um pedido de assassinato, ou uma ideia suicida da parte de Cristo.
c) Jesus havia repreendido a multidão por só pensar nas coisas materiais por isso apresentou uma verdade espiritual, isto é, algo que se discerne espiritualmente, não de forma carnal. Em primeiro lugar, ele explicou ao povo que a vontade de Deus era que cressem nele (não que lhes buscasse por comida que perece - v. 29), e depois de uma longa explicação ele encerra sua analogia dizendo-lhes: "O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que vos tenho dito são espírito e vida." (v. 63). Ou seja, sendo espírito, deveria ser entendidas espiritualmente, não de forma carnal (1 Co 2.14).
A SANTA CEIA É UMA CELEBRAÇÃO SIMBÓLICA DE UM NOVO PERÍODO, conforme lemos em Lc 22. 20: "Este é o novo testamento no meu sangue". Testamento é acordo, concerto, pacto. O antigo testamento era selado com o sangue de animais que, uma vez derramado, servia para encobrir o pecado do ofertante. O novo testamento (novo pacto) que Deus fazia com a humanidade era selado com o sacrifício de seu filho, cujo sangue remiria o ser humano dos seus pecados.
Lembremo-nos de que Jesus instituiu a Santa Ceia quando ele e seus discípulos estavam comemorando a Páscoa (celebração judaica que lembrava a saída dos israelitas da escravidão no Egito). Agora, Jesus anuncia-lhes que os seus discípulos tinha algo maior para se lembrar: A sua morte e ressurreição que os redimiria da escravidão do pecado, e os levaria de volta a ter comunhão com Deus.
É por isso que o apóstolo Paulo, em 1 Co 5.7, diz que Cristo é a nossa Páscoa (naquele momento, com seus discípulos, Jesus encerrou um período (velho testamento) e iniciou outro (o novo testamento no seu sangue).
Observação: Remir ou redimir significa resgatar (trazer de volta).
d) A Santa Ceia é um ato simbólico, porque Jesus disse que deveria ser feita em memória (em lembrança) dele (do mesmo modo que a páscoa era feita em memória da escravidão do Egito). Foi uma troca de simbolismos, com uma nova significação, mas a celebração continuava a mesma: Simbólica, como memória, isto é, assim como os elementos pascal tinham um simbolismo, agora Jesus dá outra significação, apresentando a Santa Ceia, cujos elementos (pão e vinho), embora continuem a ser pão e vinho, possuem um simbolismos, que leva-nos a lembrar de Cristo, com sua carne rasgada e seu sangue derramado por nossos pecados.
e) Os pães continuavam pães, e o vinho, não foi alterado, porque, mesmo depois de o apóstolo Paulo repetir as palavras de Cristo, "Este é o meu corpo", e, "Isto é o meu sangue" (1 Co 11.24,25), ele continua chamando o pão de pão e o vinho (cálice) de vinho (vv.26.27, 28). Se, literalmente, após as palavras ritualísticas ditas nos versículos 24 e 25, o pão houvesse se transformado, de fato, no corpo e o vinho, no sangue de Cristo, Paulo não mais podia chamá-los de pão e de vinho.
f) Assim como a Páscoa era uma forma de os judeus lembram-se, e também lembrar a sua descendência da libertação do Egito, a Santa Ceia é um meio de anunciar que Cristo morreu para libertar a humanidade da opressão do pecado (1 Co 11.26).
g) O corpo e o sangue de Cristo, não estão presentes, na literalidade, porque Jesus disse que esse ritual devia ser preservado até que ele venha. Se ele ainda vem, isto quer dizer que não está lá de forma física, como sugere a doutrina da transubstanciação.
O texto de Jesus(Mt 28.20) não pode ser usado como pretexto para esta afirmação porque lá Jesus está dizendo que estaria com seus discípulos em espírito, não em forma física.
h) O apóstolo aos gentios (Paulo) disse que "quem come indignamente, come para sua própria condenação. Não discernindo o corpo do Senhor.". Observe: Não é quem come sem ser digno, pois nenhum de nós somos dignos, pois conforme S. João (1 Jo 1.8,10) todos nós pecamos, mesmo depois de nos convertemos, por isso necessitamos nos arrepender diariamente e confessá-lo os nossos pecados (v.9). O problema está em participarmos da Ceia indignamente, isto é, sem compreendermos a sua importância (não a nossa), não discernindo o corpo do Senhor. Ou seja, não fazendo distinção entre qualquer celebração e a Santa Ceia. Esta é uma festa separada (por isso o nome "Santa"), ela tem um objetivo: lembrar da morte do Senhor e anunciá-la através da celebração, até que ele venha.
Por Leila Castanha