sexta-feira, 17 de julho de 2015

LIÇÃO Nº 3 - 3º - TRIMESTRE DE 2015

Extraído de https://www.mixcloud.com/escolajesuscristo
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COMENTÁRIO ADICIONAL

O MILAGRE DA CURA DA MÃO MIRRADA

TEXTO ÁUREO: “Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.” Hb 4.16

GRAÇA significa “FAVOR IMERECIDO”. Graça é o modo pelo qual Deus nos dá o que não merecemos. No entanto, nem sempre esse termo tem este significado. Graça também pode significar “Sem (pagar ou cobrar) dinheiro”, como no texto de Mt 10.8 : “De graça recebestes, de graça daí”. Ou pode ter o sentido de “agradecimento”, como no caso de um culto em ações de graça (um culto em atitude de gratidão ou em agradecimento).

MISERICÓRDIA significa “compaixão suscitada pela miséria de alguém”. Misericórdia é o modo pelo qual Deus não nos dá o que merecemos.

TEXTO ÁUREO NA LIGUAGEM COMUM: “Cheguemos, pois, com confiança ao trono onde Deus nos favorece, apesar de não merecermos, para que consigamos que Deus não nos dê o que merecemos, mas o que não merecemos, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.”

COMENTÁRIO DA LIÇÃO

A discussão dos fariseus com Jesus: A lição trata a respeito da implicância dos fariseus com Jesus pelo fato de ele fazer e permitir algumas coisas, no dia de sábado, que no entender deles eram proibidas, como por exemplo, deixar seus discípulos colher espigas para comer, ou curar. O texto que trataremos,  mostra Jesus ensinando na sinagoga, e em uma determinada hora ele chama um homem que estava entre o povo, e usa-lhe para ensinar aos judeus presentes qual é o verdadeiro sentido de guardar o sábado - Mt 12.9-14 Mc 3.1-6:; Lc 6.6-11. ( Lei do sábado Ex 35, 2,3;  Nm 15.32,33,35);

Juntando a narração dos três evangelistas temos a seguinte história: Jesus foi à sinagoga num dia de sábado e estava ensinando. Lá havia um homem cuja mão direita era mirrada. Enquanto falava os escribas observavam-no para ver se ele iria curar alguém, porque queriam acusá-lo de quebrar o sábado. Alguém lhe perguntou se era lícito curar no sábado. Jesus sabendo do que pensavam chamou um homem para o meio dele e contou uma história sobre uma ovelha que, num sábado, caíra na cova. Após contar esta história perguntou a eles se era lícito, nos sábados fazer bem ou mal, salvar vida ou matar. Eles ficaram calados (entendendo o silêncio deles como forma de não falar o que Jesus queria ouvir), ele afirmou: É lícito sim, curar no sábado. Agora vejamos o  porquê Jesus disse isso:

Jesus estava ensinando (Lc 6.6:): Jesus tinha o hábito de ensinar na prática. Aos seus primeiros discípulos ele os iniciou nas aulas, não lhes ordenando que o ouvissem, mas que o seguissem: “Segue-me!”, foi a primeira ordem que receberam do Mestre. Agora ele ensinava aos fariseus, e aos judeus presentes, através do homem da mão mirrada.

O homem tinha a mão direita mirrada (seca): Para os judeus, ter a mão direita seca (atrofiada) era sinônimo de maldição, portanto, aquele homem era considerado por seus compatriotas como impuro, amaldiçoado. Caso alguém descobrisse a situação daquele homem, que não podia estar no meio do povo, poderia matá-lo. Assim também como na analogia da ovelha se alguém a deixasse no buraco, sabendo do perigo que corria, seria culpada do mal que lhe ocorresse, Jesus, sabendo do que podia suceder ao homem, seria cúmplice de sua morte.  Daí a pergunta de Jesus fazer sentido: “É lícito no sábado salvar a vida ou matar?”. - (Mc 3.4; Lc.6.9).

Jesus não estava opondo-se à guarda do sábado, mas à interpretação incorreta dos fariseus: A palavra sábado vem do grego e significa descanso ou repouso.
Mt 5.17, 18: Jesus declarou que não veio ab-rogar (anular) a lei, mas cumpri-la.
Observação: Em Rm 10.4 o apóstolo Paulo afirma que  “O fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê”. E em Gl 3.24 ele diz que "A lei nos serviu de aio para nos levar a Cristo".–

Em Isaías 1.11-13 – Deus repreende a atitude dos israelitas dizendo-lhes que tudo o que ele havia ordenado para fazerem era feito, desprovido de significado. Eram meros rituais, sem sentido algum. Cumpriam a lei ao pé da letra, mas não se atinham às lições provindas delas e não se preocupavam com o bem comum. Eram religiosos, mas não mostravam qualquer indício de caridade, como o sacerdote e o levita da parábola do bom samaritano (Lc 10.30). O próprio sábado é relatado por Deus como abominação quando mal compreendido (algo que traz o sentimento de repulsa, de nojo).

Assim como demonstrado em 2 Co 3.6 os judeus do tempo de Jesus observavam a letra da lei (a lei destituída do sentido), mas  o apóstolo Paulo exortou que a letra mata, mas o espírito vivifica. Não é a Lei, por si só que leva o homem para o bem, mas o espírito, o que está por trás dela.
Jesus procurou explicar isso para os seus compatriotas: Não era para entender a lei ao pé da letra, mas compreender o sentido pela qual ela foi instituída - Mt 5.21-32. Nos versículos 21, 22, 27, 28, 31, 32, Jesus explica-lhes o sentido da Lei aos judeus:  

  • Quando Deus proibiu matar, ele não estava se referindo, unicamente a morte física, pelo corpo, mas podemos matar física ou psicologicamente, uma pessoa com a língua, por meio de palavras ofensivas (Tg 3.6, 9,10); 
  • Ao proibir o adultério, ele não estava com o pensamento voltado apenas no ato em si, mas as implicações para a vítima  da traição, e a falta de respeito para com o objeto dos pensamentos licenciosos (que agride a decência); 
  • Ao tratar sobre o divórcio, ele explica-lhes que não é por qualquer motivo, mas por ferir a decência, isto é, por motivo de desrespeito ao companheiro (a).
A posição de Jesus em relação ao sábado (Mt 12.1-8): Em outra ocasião Jesus passou com os seus discípulos pelas searas, e os discípulos tendo fome colheram espigas e se puseram a comê-las. Isso desencadeou uma grande discussão com os fariseus que diziam que aquilo não era permitido fazer no sábado. Em sua defesa, Jesus lhes perguntou se não haviam lido que Davi e seus homens haviam comido o pão da proposição, que não lhes era permitido, e não foi acusado (1 Sm 21.6). Depois lhes perguntou se não sabiam que os sacerdotes violavam os sábados e também não eram considerados culpados (Nm 28.9).

Jesus então lhes explicou  que o que queria ao instituir a lei,  era o contrário do que eles estavam fazendo:  “Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício, não condenaríes os inocentes. Porque o Filho do homem até do sábado é Senhor.” (vv 6-8). – Lembre-se que ele disse que ele e o Pai eram um - Jo 10.30.

Observação: Pães da proposição eram 12 pães (um para cada tribo de Israel), eram sem fermento, e deviam ficar continuamente sobre uma mesa diante de Deus, em um cesto sobre uma mesa, sendo. eventualmente,  trocado  pelos sacerdotes por pães quentinhos. Somente os sacerdotes podiam comer daqueles pães, porque ambos eram consagrados ao Senhor.

Devemos compreender que para Deus a vida também é sagrada, e os pães não estavam sendo ingeridos por falta de respeito, mas para dar vida, e além do mais Davi entendia que no momento em que precisava dos pães eles já deviam ser trocados por pães frescos, sendo dispensados aqueles,  eram comuns. No caso do primeiro exemplo, no qual Jesus disse que os sacerdotes violavam os sábados, era porque os sacrifícios pelos pecados tinham de ser feito todos os dias, independente de ser sábado ou não (1 Sm 21).

Jesus estava mostrando aos judeus reunidos na sinagoga que o homem era maior do que o sábado, e este foi instituído para o bem daquele (Mc 2.27).

A grande lição deste texto não diz respeito aos pães da proposição, mas Jesus queria mostrar que tendo ele feito a lei estava sendo tratado com menos importância do que a própria lei  (v. 7, 8). Por isso para que entendessem qual era o sentido da lei, em outra ocasião Jesus as resumiu em duas:  “Amarás a Deus acima de todas as coisas, e ao próximo como a ti mesmo.” (Mt 22.37). Embora pareça duas coisas diferentes o apóstolo S. João as transforma em uma única lei, de forma a afirmar que se alguém diz que ama a Deus e aborrece a seu irmão é mentiroso (1 Jo 4.20)

EXEMPLO PRÁTICO, EXTRAÍDO DA REVISTA:  Os judeus reverenciavam o dia de sábado, mas desprezavam os seus semelhantes. Segundo o historiador judeu Flávio Josefo, na época da rebelião de Judas Macabeu, alguns judeus se refugiaram nas cavernas do deserto. Antíoco mandou centenas de homens para atacá-los, e como era um dia de sábado, eles não lutaram e foram mortos, porque lutar significaria quebrar o sábado.  
JUDAS MACABEU era o 3º filho do sacerdote Matatias.  Macabeu (significa martelo) era o apelido de Judas, o mais famoso integrante dos Macabeus, que era um exército rebelde judeu que dominou parte de Israel (164 a.C. ), e que foi responsável por reinstalar a religião judaica e reduzir no país a influência da cultura helenística (a mistura da cultura grega e romana).

Nós e a semelhança com os fariseus - Os fariseus eram religiosos do tempo de Jesus, mas não passavam disso. Jesus ensinou naquele dia que a religião tem de produzir mudança, fazer as pessoas mais sensíveis, preocupadas com as angústias alheias. Leia sobre a verdadeira religião em  Tiago 1.27.  

Exemplo do termo: “Fulano é um fariseu!” (“Fulano é um hipócrita!”) Ou “Chega de farisaísmo!” (“Chega de hipocrisia!”).

EXEMPLOS PRÁTICOS:  1) Ouvi, em certa igreja, um irmão falando com seu pastor sobre a necessidade de fazerem uma visita a uma determinada pessoa que estava precisando de apoio espiritual. O pastor lhe disse que não seria possível, pois nos dias em que não há culto na sua igreja ele visita outras, pois desde que aceitou a Jesus, nunca passou um dia sem ir cultuar em alguma igreja. Para este pastor, servir a Deus era dedicar-se ao templo, não às pessoas.

2) Um escritor, ao escrever sobre a importância de compreender a Palavra de Deus, interpretando-a corretamente, utilizou-se do texto de Mt 6.35, onde Jesus diz “Buscai primeiro o Reino de Deus...” para exemplificar o mau uso da exegese (interpretação) bíblica.  Contou ele que um determinado obreiro, conhecido seu, contou-lhe, orgulhosamente, que sua agenda andava tão cheia de trabalhos para obra de Deus que fazia muitos meses que ele não tinha tempo nem para a família, e concluiu: “Só desejo parar quando morrer, ou quando Jesus vier arrebatar a Igreja”.  Esse irmão não compreendia que a lei de Deus também abrange o governar bem a sua casa (1 Tm 3.5)
3) Um presbítero, auxiliar do pastor da igreja, ao discutir sobre uma questão que não estava agradando determinados membros da congregação, respondeu aos insatisfeitos com as seguintes palavras: “Não estou aqui pra agradar ninguém, e eu sou o responsável pelo trabalho. Assim sendo, sou eu quem falo o que deve ser feito ou não e quem não estiver satisfeito pegue suas malas e dê um fora!”

Esse obreiro não entendeu nada sobre o cristianismo, que consiste em servir um ao outro, e o cristão, principalmente o obreiro da casa de Deus deve: Ter palavras agradável (Col 4.6);   que sirvam para a edificação (Ef 4.29); Responder com mansidão (1 Pe 3.15).

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O HOMEM DA MÃO MIRRADA

1) Era vítima de preconceito, pois era visto como impuro: Jesus sempre deu importância aos desprezados: a mulher adúltera defendida por Jesus . Em  Mt 14.3,9  Jesus fala sobre uma mulher, cuja atitude fora ignorada por alguns, que onde fosse pregado o evangelho se ouviria falar do que ela fez.

 2) Estava no anonimato, mas não deixou de ir à casa de Deus, na sinagoga. 
Deus sempre recrutou anônimos ( Davi - um pastor de ovelhas que fazia canções;  Gideão -malhava trigo para escondê-lo dos midianitas;  Moisés - vivia no deserto; Ana (sofria, humilhada por Penina), etc. Ele não desistiu de Deus, mas segundo entendia-se que ordenava a Lei ordenava, no sábado ele foi à sinagoga, e lá encontrou com o Filho de Deus.

 3) Jesus o colocou no meioDeus sempre exigiu  que o homem desse o primeiro passo: Davi precisou tomar a decisão de lutar com Golias, e só depois Deus agiu; Gideão precisou crer e diminuir o exército para 300 homens e aceitar fazer barulho; Moisés precisou utilizar a vara ; Ester precisou pedir aos judeus que jejuassem e enfrentar o rei; Ana precisou descer ao templo e orar; Neemias precisou pôr a mão na massa para surgir o muro e o homem da mão mirrada, preciso levantar-se e ir para onde ele indicara.
Jesus veio fazer com que os rejeitados fizessem parte da história: Ele veio para os pecadores, curava os enfermos, recrutava homens e  mulheres comuns, dava importância à mulher numa sociedade machista, etc. 

 4. Não escondeu sua fraqueza, mas apresentou-a ao Mestre quando este lhe ordenou: Ele estava na mesma situação da mulher do fluxo de sangue: Ambos eram impuros aos olhos da sociedade, e precisavam se esconder. Ela fora escondida e o tocou, e Jesus sentiu que fora tocado. Ele estava disfarçado, e o ouvia, mas Jesus sabia que ele estava precisando de cura,  mas tinha medo de expor-se, então o Mestre chamou por ele. Se você tem fé suficiente para tocar em Cristo, então toque, mas se só consegue ouvir sua Palavra sem ter forças para se manifestar,  continue no teu lugar, pois um dia ele vai se manifestar a você e resolver a tua causa. Só não deixe de fazer o que você pode, pois mesmo que você diga que tem fé, a fé sem as obras é morta (Tg 2.17).  Faça a tua parte, guarda a Lei de Deus no teu coração, e um dia Ele há de olhar para você e fazer a pergunta que fez ao cego de Jericó: "Que queres que eu te faça?" (Mc 10.51). 

Por Leila Castanha