sábado, 5 de dezembro de 2015

4º TRIMESTRE DE 2014 - LIÇÃO 10

JESUS RENOVA AS ESPERANÇAS DE JOÃO BATISTA

imagem extraída de https://www.jw.org/pt/biblioteca

A pergunta de João Batista revela certa decepção. Parece que ele esperava outra manifestação de Cristo, talvez da mesma maneira que os demais judeus aguardavam: um rei poderoso e um libertador do povo judeu.


QUEM ERA JOÃO BATISTA

Era mais do que um profeta: Jesus o exaltou dizendo ser ele mais do que profeta, pois era o precursor de Cristo, isto é, aquele que veio para preparar o caminho para Cristo cumprir a sua missão.

Para pensar: Assim como João Batista foi convocado para anunciar a vinda de Cristo preparando o povo para o arrependimento, a Igreja hoje tem a mesma missão. Devemos convocar o mundo a arrepender-se e crer no Evangelho, pois a vinda de Jesus é um fato, e está cada vez  mais próxima.

Um fiel mensageiro, cuja mensagem era absolutamente focada em Cristo, a quem apontava como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Sua missão era preparar as pessoas para receber a salvação, que deveria ser precedida pelo arrependimento, por isso sua mensagem central era?: “Arrependei-vos!”.

Para pensar: Hoje, tenho sentido desgosto em assistir a alguns cultos televisivos, pois a mensagem do Evangelho está sendo desviada de seu alvo, de maneira que ao invés de se apontar Jesus como o meio pelo qual o povo alcançou a cura, a libertação, etc, o pregador evidencia a placa de sua igreja e o nome do “curandeiro” ou “milagreiro”.
João Batista só apontava um nome. Ele diz de si mesmo: “Não era ele a luz, mas veio para que testificasse da luz” Jo 1.8.

Era uma homem intransigente, que jamais aceitou qualquer atitude que ferisse os princípios da santidade, e por conta disso sofreu muito nas mãos de Herodes, até perder, literalmente, a sua cabeça, que foi servida a Herodias (mulher de Herodes), em uma bandeja (Mc 6.7-29;Lc 13. 19 ss).
Jesus perguntou ao povo se esperavam ver (em João), uma cana agitada pelo vento. No entanto, Jesus evidencia que ele era um homem forte, intransigente, fiel a sua missão.
Para pensar: Como estamos nos comportando em relação a nossa missão no mundo? Somos inflexíveis em relação a abrir mão dos nossos conceitos cristãos e bíblicos, ou nos deixamos levar pelo modismo e influências mundanas?
Era humilde: Tinha discípulos e batizava a muitos, no entanto, quando viu Jesus parou tudo o que fazia e passou a apontá-lo: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Da mesma forma, ele testificou dizendo que não era digno nem sequer de desatar as correias de suas sandálias.

Observação: João Batista reconheceu Jesus quando, ao batizá-lo, o Espírito Santo pousou em sua cabeça em forma de pomba, conforme previa as profecias (Jo 1. 33, 34).

Em relação a sua aparência, era um homem simples, e estava longe de ser cotada como alguém “da moda”. Vestia-se de forma incomum, com roupas de pele, comia gafanhoto e vivia no deserto. Jesus perguntou ao povo: “Que fostes ver? Um homem ricamente trajado?”. Nada em João transmitia excelência, no entanto, Jesus afirmou que não houve um homem nascido de mulher que fosse maior do que ele. Sua missão foi ímpar.

Para pensar:  Há cristãos que pensam que o fato de não ter dinheiro ou bens diminui o nome de Cristo, no entanto, biblicamente falando, isso não tem qualquer base, pois vemos os maiores exemplos de crentes em homens e mulheres comuns, a maioria pobre, materialmente falando, mas cheios da graça divina.

Exemplos: João Batista, conforme já vimos acima; Jesus não tinha nem onde reclinaar a cabeça (Mt 8.20); Pedro e João: “Não temos prata, nem ouro...”; A Igreja repartia tudo o que tinha entre si; Maria e José eram carpinteiros (profissão humilde, e na apresentação de Jesus eles ofereceram uma rola, oferta de pobres – Lc 2.24;  Lv 12.8), Pedro, Tiago, João e Andre eram pescadores; Paulo, embora pertencente à classe nobre, enquanto trabalhou para o Evangelho chegou a padecer necessidades (Fp 4.12);  Jesus advertiu a não juntar tesouros na terra (Mt 6.19,20).

A PERGUNTA DE JOÃO BATISTA

“És tu aquele que havia de vir, ou devemos esperar outro?” (Mt 11.13). Não podemos nos esquecer de que João estava preso. Ele conhecia bem as Escrituras, a qual dizia que Jesus veio dar liberdade aos cativos, e abertura de prisão aos presos-(Is 1. 1,2).

Para pensar: Quantas vezes nos sentimos duvidosos em relação ao que pregamos, quando passamos por momentos adversos e parece que Deus nada vê. Durante anos pregamos que Jesus cura e vemos um ente morrer, não obstante nossa campanha de jejum e oração; Dizemos que Ele liberta e assistimos nosso irmão de fé sofrendo ao ver seu filho sucumbir pelas drogas; Pregamos a alegria em Cristo, e a situação em nossa vida se agrava de tal modo que não nos vem outra escolha a não ser chorar compulsivamente, etc.
Davi sentiu isso muitas vezes. Basta ler o Salmo 42. 1-4, 9,10 para entender a guerra espiritual em que vivia o salmista ao não ver a operação de Deus para livrá-lo dos seus sofrimentos.
Ali estava um homem de fé, que passou toda a vida se preparando para anunciar o Libertador e Consolador dos tristes, levou multidões ao arrependimento por meio de suas mensagens de conversão, e agora, estava preso, esperando julgamento, consciente de sua má situação diante do rei Herodes que não aceitava seus protestos contra a vida adúltera que levava. E, cada Jesus? Então, lhe surge a ideia de chamar seus discípulos e mandá-los perguntar àquele a quem até então anunciava como sendo o Filho de Deus enviado ao Mundo: “Pergunte-lhe se ele é o que esperamos, ou se é outro que virá”.
Ele não duvidava da promessa, mas se ela já fora cumprida, ou se ele se enganara. 

Para pensar: Às vezes, nos pegamos duvidando se o agir de Deus realmente já começou ou se ele ainda iniciará a sua obra a nosso favor. Tal qual Gideão nos surpreendemos a pensar: "Se o Senhor é conosco porque todas essas coisas nos sobreveio? E o que é feito de todas as tuas maravilhas que nossos pais nos contaram?"(Jz 6. 13)

JESUS NÃO CULPOU JOÃO POR CAUSA DE SUA DÚVIDA

Ao contrário, ao invés de falar sim ou não, ele mostrou com atitude: “Diga a ele o que vocês veem e ouvem: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são curados, e aos pobres é anunciado o Evangelho. E bem aventurado é aquele que não se escandalizar em mim” (Mt 11.2-6).
Quando os discípulos de João saíram, Jesus começou a elogiar João Batista, ou seja, ele sabia que sua dúvida fazia parte do momento difícil em que ele passava. O mesmo aconteceu a , mas a Bíblia e enfática em dizer que “em nada disso Jó pecou”, isto é, Deus não recebeu as palavras dele como pecado. Deus compreendia que "a esperança demorada enfraquece o coração"(Pv 13.12), e por isso a Bíblia exorta a não nos esquecermos das promessas, exemplo este bem figurado na pessoa de Calebe que esperou 45 anos, e no dia da bênção cobrou o que o Senhor lhe prometera (Josué 14. 6-12).

Jonas também preferiu morrer a ver Nínive ser salva, pois aquela cidade fez muitas atrocidades com o seu povo, mas ao invés de puni-lo Deus mostrou o seu lado como Criador daqueles homens. Ao ser convocado por Deus para libertar Israel do Egito, Moisés recusou-se a ir. Deus, pacientemente o convenceu, e mesmo ao irar-se com tamanha falta de fé, ele não o puniu, mas arranjou-lhe um companheiro, seu irmão Arão. Deus sabia que o deserto deixara aquele homem, poderoso em palavras (eloquente) totalmente inseguro.

Gideão já havia sofrido tanto por causa dos filisteus que devastavam suas plantações que quando Deus o escolheu como libertador de seu povo, ele deu suas desculpas (minha família é a mais pobre da tribo, e eu sou o menor). Após Deus afirmar que isso não importava, ele ainda fez provas, e refez, por que sua situação de anos fizera com que perdesse a fé: Se Deus sempre vira a situação deles porque iria intervir somente agora, e através do mais improvável dos homens?

Para pensar: Às vezes vemos as coisas dando tudo errado e começamos a cogitar se Deus realmente se importa conosco, e se Ele um dia irá intervir. Outras vezes, Deus nos fala por algum meio prometendo nos dar a vitória, inicialmente cremos, mas depois, como as coisas não aparentam melhorar, voltamos a duvidar que foi Deus quem nos falou. Ele compreende nossos impasses, e é por isso que ele enviou seu Espírito para nos ajudar em nossas fraquezas (Rm 8. 26).

O MEIO DOS ANOS

(Hb 3. 2 a) “Aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos”.

Habacuque havia ouvido sobre a ira de Deus sobre o povo, e teve medo. Então ele orou para que quando o povo estivesse no meio da tribulação Deus tivesse misericórdia deles e agisse com poder e graça. A partir dessa frase de Habacuque, “o meio dos anos” vem sendo interpretado como o momento em que o povo de Deus precisa de um renovo espiritual para suportar as tribulações advindas à Igreja. 


O poeta Carlos Drummond de Andrade é autor de um pequeno, mas significativo poema sobre a renovação da esperança  no recomeçar do ano. Transcreverei um pedaço dele, que diz:
“Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para adiante vai ser diferente”.

Os meios dos anos são exemplos de exaustão, de cansaço, desânimo, pois ainda que a primeira metade já foi vencida, ainda resta a outra a ser enfrentada.
O começo dos anos são tempos de projetar, enquanto o meio é tempo de realizar, mas a conclusão está no fim deles.
Nesse ínterim, somos assaltados pelo desânimo, e até pela descrença quando nossos projetos  não parecem ir muito bem.
O meio dos anos são os momentos em que temos de encarar as nossas convicções e enfrentar as nossas crises interiores, e se não passarmos nesse teste, então nossas esperanças podem morrer.

A fé produz esperanças, e é por isso que o escritor aos hebreus (11.6) diz que “sem fé é impossível agradá-Lo”. 

ALGUMAS  PESSOAS DA BÍBLIA QUE ENFRENTARAM “O MEIO DOS ANOS”

Pedro, quando confrontado por Cristo para negá-lo, disse-lhe: “Para onde irei, se só tu tens palavra de vida eterna?” No entanto, ao ver seu Mestre sendo preso não teve fé para morrer com ele, e negou a Jesus;

O apóstolo Paulo, sendo ignorado pelos irmãos de Corinto, teve de se impor (2 Co 11;12.11). No meio da tempestade, quando estava sendo levado à Roma, precisou dar esperanças ao povo (At 27) Paulo animou-se ao ver alguns irmãos (At 28.15).
Jesus, que na hora de ser entregue à morte orou:”Se possível, passa de mim este cálice”;
Ester, que estava vivendo um impasse: Só ela estava em posição de falar ao rei em favor dos judeus, sem que o rei soubesse que ela também era judia, e, ela não podia entrar ao rei sem ser convocada. Levantou um clamor, com jejum e resolveu, pondo em risco a sua vida, falar ao rei.

CONCLUSÃO: Não importa qual seja o nosso termômetro espiritual, se estamos bem ou mal, a única coisa certa é que “o meio dos anos” chega para todos, mas o Espírito Santo tem a missão de ajudar as nossas fraquezas, e,ao falarmos com Jesus ele renova as nossas esperanças.


Por Leila Castanha


quarta-feira, 25 de novembro de 2015

ALGUNS LIVROS QUE LI E RECOMENDO - POR LEILA CASTANHA


01.O DISCÍPULO (JUAN CARLOS ORTIZ)






02. EM SEUS PASSOS O QUE FARIA JESUS(CHARLES M. SHELDON)






03. E A BÍBLIA TINHA RAZÃO (WERNER KELLER)





04. A CRUZ E O PUNHAL (DAVID WILKERSON)







05. DEPOIS DE A CRUZ E O PUNHAL (DAVID WILKERSON)





06.  HEROIS DA FÉ (ORLANDO BOYER)







07. AS CINCO LINGUAGENS DO AMOR (GARY CHAPMAN)







08. AS CATACUMBAS DE ROMA (BENJAMIN SCOTT)





09. EU SEI EM QUEM TENHO CRIDO (LEWI PETHRUS)





10. A QUARTA DIMENSÃO (PAUL YOUNG CHO)






11. CRER É TAMBÉM PENSAR ( John Stott)





12. BATISMO E PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO (John Sott)





13. ECLESIOLOGIA:  A DOUTRINA DA IGREJA
 (Enéas Tognini)




14. EM  BUSCA DE DEUS ( John Pipper)




15. DO CORAÇÃO DE DEUS (Ravi Zacharias)





16. COM VERGONHA DO EVANGELHO (john MacArthur)




17.  RARA ESTIRPE DE FÉ (JESSE WINLEY)





18. A IGREJA DO CAMINHO (JACK W. HARYFORD)




19. COM JESUS NA ESCOLA DA VIDA (HERNANDES DIAS LOPES)




20. VARÃO DE DORES (MIGUEL RIZZO JUNIOR)




21. O TOTEM DA PAZ (DON RICHARDSON)
/



22. O VINHO NOVO É MELHOR (ROBERT THOM)




23. O FATOR MELQUISEDEQUE (DON RICHARDSON)




                 24POR ESTA CRUZ TE MATAREI (BRUCE OLSON)



25. MAIS QUE PASSARINHOS (MARY WELCH)
/



26. O QUE SIGNIFICA AMAR A DEUS ( Charles Colson)




27. CAINDO NA GRANDEZA ( Lloyd John Ogilvie)




28. VIVENDO EM TRIUNFO (Ricardo Gondim)




29. NASCIDO PARA A BATALHA (R. Arthur Mathew)




30. À ESPERA DA AURORA - um cristianismo para o amanhã 
 (Jean Delumeau)





31. A CELEBRAÇÃO DA DISCIPLINA (RICHARD FOSTER)







32. SE DEUS EXISTE, POR QUE EXISTEM ATEUS? (R.C.SPROUL)



33. LIDERANÇA COM PROPÓSITOS (RICK WARREN)




34. LIBERANTANDO O MINISTÉRIO DA SINDROME DO SUCESSO (KENT & BARBBARA HUGHES)




35. O PASTOR NA MODERNIDADE LÍQUIDA (MARCOS KOPESKA)




36.  O PASTOR APROVADO (RICHARD BAXTER)




37. A DEPRESSÃO DE SPURGEON (ZACK ESWINE)



38. DEPRESSÃO: O QUE TODO CRISTÃO PRECISA SABER (DR. ISMAEL SOBRINHO)





39. PESCADORES DE CRIANÇAS (C.H.SPURGEON)




40. A CRIANÇA, A IGREJA E A MISSÃO (DAN BREWSTER)











terça-feira, 24 de novembro de 2015

HOJE É NATAL


Pastores e rebanhos estando em noite estia
Nas vigílias noturna, refulgente esplendor
Fulgurante estrela esplêndida surgia
E bela sinfonia em coro ecoou.
Ressoa canto angélico, maviosa melodia;
E pastores ouviram, "Boas Novas vos dou"!


Na pequena Belém de Judá nos nasceu,
O terno Emanoel, qual farol que reluz!
O Salvador do mundo, o Unigênito de Deus,
Sendo a glória do pai que do mundo é  aluz!
Pastores viram o evento maior que aconteceu
O verbo encarnado, o seu nome é Jesus!


Os magos, refulgente estrela seguiram
Vindo o Oriente, pra o menino adorar
Rumo a  manjedoura resolutos partiram
Oferenda levando pra criança em Judá;
Ouro, incenso e mirra, a levar decidiram
Ao Menino Messias de Belém ofertar!


É natal... Canta exército angelical no campo
Se assustaram os pastores com  fulgor celestial
Glória a Deus nas alturas! Houve angelical canto
Paz na terra aos homens, mensagem colossal!!!
E numa manjedoura, envolto em um manto
Nasce o sol da justiça: Jesus! Hoje é NATAL!



Autoria: Laerço dos Santos

(Extraído do livro do autor - "Poesias do Coração")


quinta-feira, 19 de novembro de 2015

COMENTÁRIO ADICIONAL DA LIÇÃO 8 - CPAD

O INÍCIO DO GOVERNO HUMANO


Imagem extraída de Cetc br-TIC Governo Eletônico



O motivo do Dilúvio foi a propagação do pecado. Por não comungar com a desobediência do homem as suas leis, e dar-lhe chances de se arrepender de seus pecados (transgressões à lei divina), Deus decidiu destruir toda a raça humana. No entanto, por ser justo, quis salvar Noé e sua família, ainda sabendo que ele era o único ser humano que lhe obedecia (Gn 7.1).

O tempo de duração do dilúvio (Gn 7.6,11; 8.13): Devido ao dilúvio (quarenta dias e quarenta noites de chuva constante), as águas prevaleceram sobre a Terra por quase um ano, pois ao entrar na arca, Noé tinha seiscentos anos de idade, e ao sair ele estava com 601 anos.

O pacto de Deus com Noé: Após Deus destruir a primeira civilização, Ele fez um acordo com Noé, dizendo-lhe que nunca mais destruiria o mundo com inundação. Para que a nova geração não tivesse medo de um novo dilúvio, Deus deixou um sinal: um arco, que conhecemos como “arco-íris”. Cada vez que chovesse muito, o arco-íris apareceria para que o homem não  tivesse medo de um novo extermínio por meio das águas (Gn 9.13,14).  

O início do governo humano (Gn 9.6): Após o dilúvio, fazia-se necessário recomeçar uma nova civilização, já que a primeira havia sido destruída pelas águas. Daquela geração só sobraram Noé e a sua família, além dos animais que entraram, de dois em dois, na arca. Agora os sobreviventes deveriam povoar a Terra, formando assim uma nova sociedade. Como Deus não suporta o pecado (desobediência as suas leis), desta vez, Ele instituiu leis, a fim de que o homem não se perdesse novamente, guiados pelos seus pecados.
O homem deveria regrar os seus atos de acordo as ordenanças que recebera de Deus, e se isso não ocorresse o governante teria de punir o transgressor. Desta forma, foi instituído o primeiro governo humano.

De quem foi a ideia de estabelecer um governo humano: Em Romanos 13. 1 observamos algumas verdades concernentes à lei e ao governo humano. A primeira diz respeito à importância dos governantes: No versículo 1 lemos que as autoridades procedem de Deus e foram ordenadas por Ele. Ao dizer que toda a potestade (as autoridades) veio de Deus, e foram instituídas por Ele, não significa que todo governante foi predestinado por Deus para ser eleito àquele determinado posto. O que o apóstolo Paulo quis dizer é que o governo (a instituição governamental) foi ordenado por Deus, isto é, a ordem para o estabelecimento do governo humano veio de Deus, e não foi uma invenção humana.

 Para que serve o governo e as leis: Em seguida, observamos que o estabelecimento do governo humano tem por finalidade a manutenção da lei e da ordem. O governante (potestade), foi instituído por Deus para agir como um representante da justiça, por isso deve usar a lei para refrear o mal, punindo os transgressores, a fim de que o delito cometido por ele não seja copiado (Gl 3.19-23). Ao mesmo tempo, para as pessoas honestas, a lei serve-lhe de guardiã, protegendo-as dos delinquentes (v.4; 1 Pe2. 13-17).
Enquanto ainda não temos a lei de Cristo gravada na tábua do nosso coração, precisamos da lei (que também provém dele)  - Sl 119. 11;  Pv 7. 1-3 - para que o mundo não vire um caos.

Como deve ser o governo humano: Sendo Deus o autor desta instituição, ele também deu as regras: o governo humano deve ser justo, a ponto de que o governante faça aos seus súditos aquilo que gostaria que lhe fosse feito (Mt 7. 12). Aliás, a hipocrisia foi o grande motivo de Jesus combater o farisaísmo. Os fariseus eram homens respeitados pela camada popular, como sendo santos (fariseu significa "separado"), no entanto, embora fossem para muitos judeus uma autoridade espiritual, Jesus os denuncia dizendo que não passavam de hipócritas (fingidos), e adverte seus discípulos a ouvirem  o que dizem, mas jamais fazerem o que fazem, pois colocavam pesados fardos sobre os ombros do povo (leis difíceis de serem cumpridas) , mas eles mesmos não se davam o trabalho de carregá-los (Mt 23.3,4).  

O governo no Antigo Testamento: Deus jamais destituiu a religião do estado. Isto porque o governo visava prezar pelo cumprimento de suas leis, que, de acordo com o salmista, é perfeita (ou reta) - (Salmos 17. 8-11). Houve governantes que foram homens piedosos, tementes a Deus, e governou o povo com justiça. Esse foi o caso, por exemplo, do rei Ezequias,  de quem a Bíblia fala que foi o homem que mais confiou no Senhor (2 Cr 29. 1,2; 18. 5).
Mas, também houve homens que fizeram o que era mau aos olhos do Senhor. Homens que foram maus governantes e fizeram o povo se desviar das leis de Deus (1 Rs 16. 13; 2 Rs 14. 23, 24;  2 Cr 36. 5, etc).
Deus usa os governantes (detentores da lei), para fazer valer a Sua vontade (Gn 41. 38-44; Et 8. 10-17. Is 44. 28; Es 1.1-3;).

Devemos obedecer às autoridades: Sabendo-se que o governo foi estabelecido para manter a lei e a ordem, a Bíblia ordena que nos sujeitemos a ele (1 Pe 2. 13; Tt 3; ). Embora observemos que Deus utilizou-se dos governantes para fazer aquilo que lhe apraz, é evidente também que ele agia sem alterar o curso da história, isto é: não houve rebelião dos seus servos contra seus governantes, mas Deus lhes deu sabedoria e estratégia, para que, apesar de sua sujeição achassem graça diante deles. Observe como eram a postura de Ester diante de seu rei: (cp 5 e 6); ou de Neemias (2.3,5).
Mesmo na época da escravatura, embora Jesus, bem como os seus discípulos, pregavam contra isso, em sermões como o de Mateus 23.11, 12,na qual Jesus ensina que todos devem servir um ao outro, e o mais humilde será o mais exaltado no Reino de Deus. Em Galátas 6.2, o apóstolo aos gentios (Paulo), ensina que devemos levar a carga uns dos outros, e explica que é assim que cumprimos a lei de Cristo. E qual é a lei de Cristo? O amor (Jo 15. 12). Nessa lei, Cristo especifica que devemos amar ao próximo assim como ele nos amou. E como foi que nos amou? Dando a sua vida pela nossa. Nada parecido com a relação senhor e escravo,não é?
 Em Colossenses 4. 1, Paulo admoesta aos senhores que tratem os seus servos (ou escravos) com justiça e equidade (retidão), lembrando-se que também possuem um senhor no céu. Tratar alguém com justiça, ou de forma correta (retidão), não é o tratamento convencional de um senhor para um escravo, pois a justiça cobra que “o trabalhador é digno do seu salário” (Lc 10.7; 1 Tm  5. 18).  
O escravo é visto como um ser desprezível, e sem valor, no entanto, a admoestação bíblica é que nos consideremos inferiores aos outros, e deixa-nos como exemplo o próprio Cristo (nosso senhor), que, sendo Deus, humilhou-se na forma de homem, e morreu de forma vergonhosa por amor a sua criatura ( Fp 2. 3-8).
Mesmo tendo uma concepção contrária à escravatura, o apóstolo Paulo conheceu um escravo fugitivo, a quem ganhou para Cristo, e, sabendo que pertencia a seu cooperador, Filemon, não abusou de sua autoridade sobre ele, mas lhe pediu que o recebesse de volta e não lhe fizesse mal algum. A um escravo fujão, a lei permitia que fosse morto. Também era comum que sendo pego, o escravo levasse muitas chibatadas em público, até ficar a beira da morte, para servir de lição aos outros, a fim de que também não se rebelassem.
No entanto, a admoestação de Paulo ao seu amigo e cooperador Filemon que, a exemplo de muitos outros cristãos, possuía escravos, era de que ele não agisse conforme lhe permitia a lei do estado, mas de acordo com a lei de Deus (o amor).
Paulo tinha autoridade espiritual sobre Filemon, pois ele o ganhou para Cristo, da mesma forma que ganhou a seu escravo, no entanto, ele deixou claro que, apesar de possuir autoridade espiritual sobre o seu cooperador, e, por isso, poder lhe ordenar o que convém fazer, ele preferia pedir-lhe, porque reconhecia sua autoridade sobre o escravo (Fm 8-14).
Da mesma maneira, Paulo reportando-se aos escravos exortava-lhes: “Vós servos, obedecei em tudo, a vossos senhores” (Cl 3.22).

Jesus respeitava as autoridades, bem como a lei: ao ser indagado se veio revogar (anular) a lei Jesus respondeu que veio cumpri-la (Mt 5. 17). Jesus ensinava seus discípulos a obedecer os governantes, motivo este de muitos judeus, até hoje, não crerem que ele é o Messias que Deus havia de mandar, pois eles esperavam um revolucionário que os libertasse do governo de Roma.
Ao ser questionado se os judeus deviam pagar impostos a Roma, Cristo perguntou-lhes de quem era a efígie gravada na moeda, ao que lhe disseram ser do imperador romano, cujo título era César, então Jesus respondeu: “Dai a César o que é de César” ( Mt 22. 17-21).
Ao ser interrogado por Pilatos Jesus mantém-se respeitoso, e a única pergunta que responde foi a acusação que dizia respeito a autodenominar-se rei dos judeus (acusação grave contra o Império). Ele,  porém, responde a Pilatos  (procurador romano, responsável por julgar crimes que afrontavam ao império romano): “Tu dizes”, isto é, “Você tá dizendo”. Depois disso, apesar das acusações que lançavam contra ele, Cristo manteve-se calado (isso não soou desrespeitoso a Pilatos), antes, o procurador dos césares se maravilhou com sua postura (Mc 15. 1-5).

Observação 1: efígie ou esfinge: É a figura estampada na moeda.

Observação 2: César: Assim como Faraó, e Herodes, César era um tiítulo pertencente aos imperadores romanos. Assim temos vários césares: Augusto César, Tibério César, Júlio César, etc.

Paulo, que aprendeu com o Mestre Jesus, ensinou a mesma coisa (Rm 13. 5-7).

Obedecer tem limite: Apesar de a Bíblia nos exortar a obedecer às autoridades constituídas, observamos que os servos de Deus não se sujeitavam aos governantes quando suas leis lhes conduziam a desobedecer a Deus. Foi assim com Daniel e seus três amigo, que preferiram ser condenados à morte a adorar outros deuses, pois sabiam que a adoração a ídolos era um pecado que Deus não tolerava. O mesmo aconteceu com José, que apesar de poder se aproveitar  de seu posto na casa de seu senhor,  onde era mordomo, rejeitou deitar-se com a mulher dele sob a única alegação: “Como eu faria esse tamanho mal e pecaria contra Deus?”     (Gn 39. 6-12).  
No Novo Testamento temos muitos casos de homens que perderam sua vida para não desonrar a Deus, ao cumprir uma ordenança que feria os seus preceitos. Nesta lista vemos Estêvão, Tiago, João Batista, Paulo, dentre muitos outros.
Pedro, ao ser repreendido pelo sumo sacerdote por continuar anunciando o nome de Jesus, replicou: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5. 29). Este versículo tem sido mal interpretado por muitos cristãos que, pensando ter supremacia sobre sua vida, negam-se a obedecer às autoridades (governamental, espiritual, trabalhista, pedagógicas, etc).  
Ao dizer tais palavras, Pedro estava tendo em vista, pelo menos, duas coisas: Primeiro, ele estava falando com uma autoridade espiritual (sumo sacerdote), um homem que conhecia bem a Palavra de Deus, cuja instrução aponta para que a supremacia de Deus esteja acima de toda a autoridade humana, e as leis instituídas pelos governantes devem honrá-lo.
Em segundo lugar, Pedro estava falando uma frase da autoria do filósofo grego, Sócrates, que era muito conhecida entre os eruditos.  Pedro vivia na época do Império Romano, e os romanos eram admiradores da cultura grega, de quem herdaram a religião e a filosofia, dentre outras coisas. A frase usada por Pedro: “Mais importa obedecer a deus do que aos homens”, era uma paráfrase da frase socrática (de Sócrates), que, ao ser interrogado, respondeu aos seus acusadores: “Mais importa obedecer a Deus do que a vós”. 
Havia ali um contexto todo próprio para tais palavras. Não foi uma manifestação de rebeldia, mas uma expressão de conhecimento histórico (ele não era o primeiro que defendia seus valores), e uma declaração de sua fidelidade a Cristo. Não é a toa que, ao verem Pedro e João, dois pescadores, defenderem ousadamente a sua fé, aqueles homens se admiraram ao saberem que eram indoutos, isto é, não eram cultos (At 4. 13). Geralmente, as pessoas cultas defendem seus ideais (principalmente citando frases de indivíduos influentes que coadunam com suas argumentações), mas Pedro, assim como outros que também andavam com Jesus, não era erudito, porém a influência de Cristo o fez se tornar um homem eloquente. 

Devemos obedecer de boa vontade: Sabendo que as autoridades foram instituídas por Deus para o bem do homem, o apóstolo Paulo adverte que nos sujeitemos, não apenas pelo castigo que advém da nossa desobediência, mas pela consciência, ou seja, porque sabemos que isso é bom (Rm 13. 5).
Davi, inspirado pelo Espírito Santo, no Salmo 32. 8, 9 profetiza: “Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os meus olhos. Não sejas como o cavalo, nem como a mula, que não tem entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio para que não se cheguem a ti”. Ou seja, a obediência não deve advir do castigo,  mas do entendimento do que é bom e justo.

Conclusão: Ao invés de nos opor ao governo, a Bíblia nos instrui a orar pelos nossos governantes, porque isso é agradável a Deus (1 Tm 1.8-10). E, para acabar a necessidade da lei é preciso que primeiramente o ser humano reaprenda a amar, pois o fim da lei (regras), e dos profetas (detentores dos mandamentos divinos), é o amor (Rm 13. 10; 1 Tm 1.5).
Mas, como sabemos que, embora muitos alcançarão a liberdade em Cristo, outros continuarão a desprezar a suprema lei (o amor), e, por isso. precisarão ser manipulados, e “estimulados” a obedecer. Para manter a ordem, e evitar o caos, estão as autoridades instituídas que se servirão da lei para punir os transgressores, e fazer valer os direitos dos que a cumprem.


Por Leila Castanha