A FÉ HEROICA DE MOISÉS
Hb 11.1: “Ora, a fé é o
firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem”.
Para melhor entendermos este
versículo transcreverei segundo a versão de Grant: “Ora a fé é a certeza das
coisas esperadas, e a convicção das coisas não vistas”.
SEGUNDO A BÍBLIA EXPLICADA
HEBREUS 11 TRATA DA FÉ EM 3 PERÍODOS BÍBLICOS:
1) A fé no período primordial (4-7) - Começa com Abel, e
não com Adão (este não creu na Palavra de Deus, e deu ouvidos a sua mulher que,
por sua vez, deu ouvidos à voz da Serpente); No caso de Abel sua fé era
apresentada no sacrifício; no caso de Enoque, na comunhão com Deus; e no de
Noé, era a fé que testifica (apesar de parecer loucura o mundo daquela época
ser acabado por águas – dilúvio – e dentro da arca colocar-se espécies de
animais, de par em par, Noé creu na Palavra de Deus e construiu a arca).
2) A fé no período dos patriarcas (8-22) :
a.
O escritor aos hebreus fala, primeiro,
da fé e das coisas invisíveis (8-16) – Abraão,
pela fé, obedeceu a Deus indo para um lugar indicado por Ele o qual não
conhecia; Sara alcançou a virtude ser mãe em
velhice avançada.
b.
A fé nas coisas improváveis (17-22): Abraão ofereceu Isaque, de quem descenderia a
nação prometida por Deus, crendo que o Senhor poderia ressuscitar os mortos; Isaque abençoou a Jacó, mesmo não sendo este o
costume da época, e creu na bênção mesmo tendo sido enganado: “Será bendito!”
(Gn 27.33); José, próximo à hora de sua
morte, fez menção da saída dos israelitas do Egito, e os fiz jurar que levaria
os seus ossos com eles.
3) A fé
durante o período israelita (23-40) – Vamos nos ater aqui, conforme apontou o
estudo de A bíblia Explicada, especificamente, no caso de Moisés, cuja fé foi
sempre a”visão do invisível”. Por causa dessa fé ele recusou:
a. V.24-
as vantagens do mundo;
b. V.25
– escolheu uma sorte aparentemente desprezível;
c. V.26
– deu valor ao privilégio de sofrer com o povo de Deus;
d. V.27
– enxergou o que o olho natural não
podia ver (não temeu, como quem vê o invisível).
A.
RECUSOU
AS VANTAGENS DO MUNDO ( DO EGITO):
Como filho da filha de Faraó ele tornou-se príncipe, e de
acordo com alguns estudiosos da Bíblia, esse Faraó não tinha filho varão de
sorte que, possivelmente, Moisés fosse o sucessor do trono.
Estevão afirmou que Moisés fora educado em toda a ciência
do Egito, e era poderoso em palavras e em obras – At 7.22.
Mesmo tendo todas as vantagens em ficar do lado de Faraó,
Moisés preferiu lutar pelo seu povo de origem, que vivia nos arredores do
palácio servindo como escravos..
Em Fp 3.8 o apóstolo Paulo considera tudo o que deixou
por Cristo como esterco (fezes). Mas Paulo
não era um homem qualquer para a sociedade na qual vivia. Ele era um
nobre, estudara com Gamaliel, o melhor professor de sua região, presidia
execuções, tinha poder para prender ou matar aqueles a quem perseguia, sob a acusação
de hereges, falava várias línguas (hebraico, grego, latim e aramaico), etc. Leia
At 8.1; 21,37; 22.1-3.
v.25
- Moisés
sabia que seria por sua mão que Deus libertaria os israelitas das mãos dos
egípcios, pois, de acordo com a mensagem de Estevão, ele esperava que os seus
compatriotas entendessem que ele os livraria da escravidão (At 7.25).
Crendo na promessa, que, provavelmente, ouvira de seus
pais biológicos, ele usou sua posição para tentar fazer a vontade de Deus.
EXEMPLOS DE PESSOAS QUE USARAM SUA POSIÇÃO PARA EXECUTAR OS PLANOS DE DEUS:
Ester tornou-se rainha, e ao saber
que Hamã (um ministro do rei Assurero) tramava matar os judeus, ela usou sua
posição para tentar persuadir o rei de não fazer isso. Para tanto, proclamou um
jejum, por intermédio de seu tio Mordecai e foi a recâmera do rei (ao quarto)
sabendo que podia ser morta por isso, já que o rei não a requisitara.
Neemias
passou um grande susto quando o rei a quem servia (era copeiro do rei) percebeu
que ele estava triste na sua presença, mas ao ser indagado pelo monarca o
motivo de sua triste, mesmo correndo o risco de ser punido pediu-lhe para
reconstruir os muros da cidade de seus pais (é provável que ele houvesse
nascido no cativeiro). Ao ser autorizado, pediu ao rei que enviasse cartas aos
governadores para que o deixassem passar até Judá, e ao guarda da floresta que
lhe desse madeira, e o rei ainda lhe enviou capitães do exército e cavaleiros –
Nee 2. 7-9.
MOISÉS
NÃO SE APEGOU A NOBREZA, NEM ÀS RIQUEZAS, ELE OLHAVA MUITO ALÉM
Os heróis da fé foram homens e mulheres que negaram sua
vida em troca de viver a vontade de Deus, mas hoje vemos o contrário: pessoas
que vão em busca de Deus para que eles viva a seu bel prazer, servindo-lhes e
fazendo-lhes as vontades.
Lição Prática: Deus
é visto por muitos cristãos hodiernos como um gênio da lâmpada, de maneira que
basta-nos esfregar a lâmpada (oração) e ele se curva às nossas vontades.
Jesus disse: Segue-me, e não o contrário – Mt 8;22; 19.21;
At 19.11 etc.
Observação: Parafraseando Charles Colso,
em seu livro “O que significa amar a Deus”, podemos dizer que ao ler a Bíblia
devemos fazê-lo não com a intenção de ver o que Deus tem a nos oferecer, mas
com o propósito de descobrir o que ela tem a nos dizer, sobre o que devemos
fazer para Ele. Jó e Abraão são exemplos de dois homens ricos, que abriram mão
de suas riquezas e estabilidades e se aventuraram a crer e a obedecer a Deus.
MOISÉS
RESISTIU A PRINCÍPIO, MAS DEPOIS CEDEU A VONTADE DIVINA
Ter fé não é não ter medo, mas vencer o medo pela confiança que o Senhor é o nosso pastor e nada nos faltará (Sl 23.1).
Embora Moisés não quisesse
ir libertar o povo, finalmente ele cedeu e pela obediência foi aprendendo a
confiar em Deus. Deus nos promete crer par ver, não o contrário (Jo 11.40).
Jesus disse que a fé é como
um grão de mostarda, no entanto, como qualquer semente o grão só mostra vida
quando plantado. Se ficar guardado, poderá morrer, mas se for crescerá, e se
for regado florescerá. Assim é a fé: tem de ser colocada em prática, regada
pela Palavra de Deus, e assim ela produzirá muito fruto (Ef 5.26; Gl 5.22).
Exemplos
de fé na vontadede de Deus
Jesus disse ao Pai que sua vontade
era desistir, mas deixou a decisão com Deus – Lc 22.42; Jo 12. 27,28.
O apóstolo Paulo
insistiu para Deus retirar dele o “espinho na carne” – 2 Co 12.8-10.
Observação: A fé se rende, enquanto que a dúvida resiste.
B) vv 25,26 - Preferiu sofrer com o povo de Deus; Deixou as riquezas do mundo pela recompensa.
Embora o feito de Moisés
fora por obediência a Deus, ele obedeceu porque cria que seria recompensado.
Não é errado pensarmos em receber recompensas por nossos atos em obediência ao
Senhor, o erro está em querermos que as bênçãos de Deus se equipara a nossa
vontade, independente da vontade dele.
O próprio Jesus suportou o
sofrimento da cruz “em troca de uma alegria que lhe estava proposta” – Hb 12.2.
Isto é, Jesus foi para a cruz em obediência a Deus, mas consolou-se no que
receberia além da cruz.
Embora é certo que
sofreremos ao fazer a vontade de Deus, pois isso é sinônimo de desafiarmos o
adversário, é certo também que teremos alegria. Conforme bem explicou um
determinado escritor, alegria não é diversão, mas o salmista afirmou que “na
presença do Senhor há fartura de alegria” – Sl 16.11.
Há diversos versículos
bíblicos que confirmam a autenticidade de que podemos esperar recompensas
futuras e presentes ao depositarmos nossa fé em Deus – Mt 6.4; Jr. 51.56. Hb
11.6; Sl 18.20; Pv 11. 18; Mc 10.30; Mt 5.12 etc.
A FÉ DE MOISÉS ESTAVA FIRMADA NA PALAVRA DE DEUS
V.
27 –Enxergou o que o olho natural não podia ver.
Pela
visão humana Moisés deixou a elite por escravos, a
estabilidade do palácio pela insegurança do deserto, a liderança de uma das
maiores potencias políticas e culturais da época pela liderança de um bando de
escravos, rudes, ingratos e sem perspectiva de futuro (só viviam olhando para
trás).
Pela
fé ele
se via liderando um povo especial, diferente de todos os outros povos, uma nação
grande e poderosa, cujo monarca era o próprio Deus. Ele tinha consciência que
com Deus ele faria a diferença – Ex 15.16.
Pela
visão humana Moisés era um desertor qualquer, sem
perspectiva de futuro: um derrotado.
Pela
fé
ele se via como o escolhido por Deus para ser o libertador dos escravos de uma
nação poderosa, e que a partir da saída dos israelitas ele os guiaria rumo a
uma terra onde eles se tornariam um povo forte, porque eram o povo de Deus, e
não de Faraó.
O APÓSTOLO PAULO DISSE QUE VIVEMOS POR FÉ, E NÃO POR VISTA – 2 co 5.7
Ao alertar os israelitas a
não fazerem imagens de Deus para adorar, Moisés deu como explicação que lá no monte
Horebe, no meio da sarcça (do mato), ninguém
viu o seu rosto. Deus era um deus invisível.
Observação: Este
era um dos grandes problemas que Israel não sabia lidar: No Egito eles viam
vários deuses, o próprio Faraó era reconhecido pelos egípcios como o rei-deus.
Em Jó 9.11, Jó falou das grandezas de Deus, e em seguida ponderou: “Ele passa por mim e não
o vejo, nem o sinto”. No entanto, ele nunca duvidou da existência de Deus,
antes afirmou: “Eu sei que o meu redentor vive, e por fim se levantará sobre a
Terra” – Jo 19.25.
Jó
também afirmou que guardava os seus mandamentos mesmo que não via a Deus, no
entanto, ele sabia que Deus cumpriria suas promessas – Jó 23.8-11,14.
Isaias
disse: “Verdadeiramente Deus é um Deus que se esconde”. (45.15).
Habacuque
cria tanto na fidelidade de Deus a ponto de dizer que ainda que nada desse
certo (a fiqueira não floresça, não haja fruto na vide etc), ele se alegria em
Deus, pois ele lhe daria forças para prosseguir (3.17-19).
Josué
e Calebe, foram os únicos da geração que pereceu no deserto que
Deus permitiu que entrassem na Terra Prometida porque ambos não duvidaram das
promessas de Deus, apesar de terem visto as mesmas dificuldades que os outros
dez espias. No entanto, eles não se prenderam ao problema humano, mas visaram a
solução divina – Nm 14. 6-10.
Observação 1: Josué também era chamado de
Oseias. Veja Nm 13.8.
Moisés
confiava tanto na Palavra de Deus que celebrou a Páscoa (festa que comemora a
saída do povo de Israel do Egito), antes mesmo de saírem de lá. – Ex 12.21-30.
Observação 2: A
palavra páscoa vem do hebraico e significa “passagem”.
No Sl 46.1 o salmista revela que mesmo que tudo pareça sem saída ele
ter certeza que “O Senhor dos exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso
refúgio”.
Paulo
declara a Timóteo que “ainda que sejamos infiéis ele continua fiel”. (2 Tm
2.13).
A
FÉ É INABALÁVEL, POIS ELA NÃO ABANDONA SUAS CRENÇAS
Daniel
ficou sabendo que o rei Dario havia assinado um edito o qual proibia de que,
durante 30 dias, alguém fizesse qualquer petição a outra pessoa ou deuses, além
dele. Ao chegar ao conhecimento de Daniel o tal edito, ele foi justamente falar
com Deus em oração, adorando-o como de costume. Isto porque a verdadeira fé é
inabalável, e não se rende mesmo diante das ameaças.
Lição Prática: Talvez para nós esse edito
não fosse problema porque temos o hábito de contar nossos problemas a todo
mundo, e se sobrar tempo, então contamos a Deus. Mas Daniel, primeiro falava
com Deus, e sob sua orientação tomava as próximas decisões.
Moisés
fugiu do palácio, mas na primeira oportunidade de voltar para lá, fez
exatamente o que há 40 anos atrás tentou fazer. Bastou Deus ordenar e prometer
estar com ele, e Moisés tornou-se um gigante na fé. Ele só tinha uma objeção:
Que Deus não o abandonasse – Ex 33.15.
O apóstolo Paulo disse aos
irmãos de Corinto que “os judeus pedem sinal e os gregos buscam sabedoria”, mas
eles pregariam a Cristo, mesmo sabendo que isto era escândalo para os judeus
(Jesus foi crucificado – Dt 21.23), e loucura para os gregos – 1 Co 1.22,23.
Pedro e João foram presos e
advertidos a não mais falar no nome de Jesus, ao que responderam: “Mais importa
obedecer a Deus que aos homens”. Em seguida foram para suas casas, contaram o
ocorrido aos irmãos e juntos oraram pedindo a Deus para dar-lhes ousadia e
continuar operando por meio deles – At 4.18-19,24,29,30. Nada mudou por causa
da perseguição, porque a fé é o firme fundamento (Hb 11.1).
Fica para nossa reflexão as
palavras de Jesus, descritas em Lc 18.8: “Quando vier o Filho do Homem,
porventura achará fé na Terra?”
Por
Leila Castanha