sábado, 20 de junho de 2015

O QUE É O CÂNON BÍBLICO

VOCÊ SABIA?



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FINALIDADE DO TRATADO E TERMINOLOGIA

No tratado da inspiração mostrou-se, em princípio, que existem livros inspirados, e descreveram-se a natureza e as propriedades dessa inspiração. É preciso estabelecer agora quantos e quais são concretamente os livros inspirados. O presente tratado mostrará como os livros inspirados foram, por seu caráter sacro, primeiramente distinguidos dos livros profanos, e, pouco a pouco então unidos em conjunto, formaram a coleção de livros chamada “cânon bíblico”. Examinaremos, em suas linhas gerais, esse lento processo de “canonização”, ou seja, formação do cânon dos livros inspirado, depois de inicialmente focalizarmos algumas noções indispensáveis.

Cânon
Nos escritores profanos cânon designava originariamente, qualquer bastão reto e longo. Ora, como os antigos se serviam de uma cana para medir, o termo tomou logo o sentido derivado de medida, régua, também em sentido metafórico, e portanto regra, norma, modelo, de emprego até na gramática e na arte.
Nos escritos eclesiásticos o termo cânon conservou o sentido de norma ou regra, e foi utilizado em conexão com a fé e os costumes, a disciplina (especialmente do clero), a liturgia, e sobretudo o propósito da Sagrada Escritura, considerada como regra suprema de fé  e de vida.

Cânon bíblico
A expressão “cânon bíblico” designa, desde o séc. III, o catálogo oficial dos livros inspirados, os quais por sua origem divina constituem a norma da fé e dos costumes.
Do termo “cânon” formou-se o adjetivo canônico no sentido de “pertencente ao cânon”, e o verbo canonizar, significando, “incluir no cânon”.

Canonicidade e inspiração
Praticamente os termos “canônicos”e  “inspirado” se equivalem, mas em si as duas noções abstratas são formal e substancialmente diversas.
Inspirado é o livro que tem Deus por autor principal e por isso uma aptidão intrínseca para regular infalivelmente a fé e os costumes.
A inspiração de um livro depende, pois, exclusiva e diretamente de Deus;  a canonicidade de um livro, ao invés, depende diretamente da autoridade da Igreja. A canonicidade de um livro supõe a inspiração do mesmo; por sua vez, a inspiração de um livro exige que a sua aptidão para regra a fé e os bons costumes seja posta em exercício  pelo reconhecimento oficial de sua inspiração porá parte da Igreja, sem o que um livro inspirado ainda não pode chamar-se canônico.

Protocanônico e Deuterocanônico
(...) os deuterocanônicos  só mais tarde foram reconhecidos como inspirados por parte da Igreja universal, em vista de dúvidas surgidas em algumas igrejas particulares a respeito da sua origem divina; ao passo que os protocanônicos foram desde o início reconhecidos pela Igreja universal como inspirados, sem que jamais tenha havido qualquer incerteza.

Os deuterocanônicos são sete no AT e sete no NT, a saber: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, 1-2 Macabeus (no AT); a epístola aos Hebreus, a epístola de São Tiago, a segunda epístola de Pedro, a segunda e a terceira epístola de São João, a epístola de São Judas, e o Apocalipse (no NT). A esses livros se acrescentam três trechos do AT Est 10.1-16,24 (Vg) e Dn 3.24-90; 13-14.

*Observação: Os  livros  do Antigo Testamento,citados acima, a saber: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, 1-2 Macabeus,  foram introduzidos somente nas edições da bíblia católica, assim como os acréscimos dos textos de Ester (nas demais edições só tem até o vers. 3) e Daniel(nas demais edições o capítulo 3 só vai até o vers. 30); Daniel 14 só se encontra  nas Bíblias de edição católica).


(Texto extraído do livro “Introdução à Bíblia,- Editora Vozes, 1968.*Observações minhas)

LIVROS APÓCRIFOS

VOCÊ SABIA?



O QUE SÃO OS LIVROS APÓCRIFOS?

   Etimologicamente, apócrifo significa “escondido”, “secreto”, e designa o escrito falsamente atribuído a certo autor, permanecendo, porém desconhecido o autor verdadeiro.
Na praxe eclesiástica chamavam-se “apócrifos” os livros não admitidos para leitura pública litúrgica. Mas como na Igreja se liam publicamente só os livros canônicos, o termo “apócrifo” veio a tornar-se sinônimo de não-canônico. Neste sentido S. Jerônimo chamava apócrifos os deuterocanônicos, porque não-canônicos. Algumas vezes ocorre “apócrifo” também no sentido de “espúrio”.
De maneira geral podem-se definir os apócrifos: livros de autores incertos e que por seu título ou assunto apresentam certa afinidade com os livros da Santa Escritura, mas aos quais a Igreja universal jamais reconheceu autoridade canônica.

(Texto extraído de “Bíblia Sagrada com Enciclopédia Bíblica Ilustrada” – Editora SBB, 2011).



TRADUCÕES DA BÍBLIA

VOCÊ SABIA?


A VULGATA


Por vulgata entendemos hoje a tradução latina da Bíblia atualmente em uso  na Igreja latina e quem em grande parte é obra de S. Jerônimo. 1Traçaremos em linhas gerais a sua história e examinaremos seu valor crítico e dogmático.

Obsevação:1 Na antiguidade o termo Vulgata designava o texto grego dos LXX (setenta), exprimindo que era um texto a todos acessível, comum, usual, por oposição ao texto hebraico, reservado aos doutos. O termo foi usado também para designar a “vetus latina”, porque traduzida dos LXX; também S. Jerônimo  assim a designa. Havendo em seguida substituído a antiga versão latina, a tradução jeronimiana herdou-lhe também  o  nome, o qual com esse sentido tornou-se comum no início do séc. XVI. E o Concílio de Trento ratificou esta sua designação em 1546.
Devido às frequentes transcrições e à incompetência de certos corretores, numerosas incorreções se haviam introduzido nas antigas versões latinas, inclusive na que estava em uso na Igreja de Roma. Os inconvenientes que daí recorriam levaram o Papa S. Dâmaso a mandar fazer uma revisão e  correção. A trabalhosa e delicada incumbência foi confiada pelo Papa a 2S. Jerônimo.

Observação: Sofrônio Eusébio Jerônimo nasceu de pais cristãos em Estridônia,  na Dalmácia, provavelmente localizada a meia distância entre Aquiléia e Lubiana, pelo ano de 347.

O trabalho de S. Jerônimo em torno ao texto bíblico, iniciado em 383 em Roma e terminado em 405-406 em Belém, foi duplo: primeiro de revisão, depois de tradução.

Trabalho de revisão
A revisão foi executada parte em Roma, parte em Belém. Em Roma, em 383, executou S. Jerônimo o trabalho de emenda dos quatro evangelhos na base de ótimos códices gregos, em geral mui afins à recensão do cod B, restringindo ordinariamente sua correção aos pontos onde o sentido estava alterado. É muito provável que ele tenha feito revisão também dos demais livros do Antigo Testamento nos anos 384-385.
Ao mesmo tempo reviu também os Salmos na base do texto dos LXX (setenta), mas pré-hexaplar; reconhece ele próprio que essa revisão foi apressada e incompleta; segundo a opinião comum, seria este o Saltério romano.
Em Belém, entre 386 e 390, realizou o trabalho de emenda de todo o Antigo Testamento (exceto os deuterocanônicos) segundo o texto hexaplar de Orígenes. Esse trabalho perdeu-se pouco a pouco após, antes de ser publicado, mas salvou-se o Saltério chamado galicano, e pouca coisa mais.

Observação: 3Pois também no resto do NT se encontram aplicados os mesmos princípios de correção que nos evangelhos e nos defrontamos com as particularidades linguísticas próprias de S. Jerônimo: tanto mais merece fé o testemunho do próprio S. Jerônimo que repetidamente diz ter revisto todo o Novo Testamento.

4. Códices e edições.
Das antigas versões latinas possuímos apenas uns 50 códices, dos quais lembramos aqui um que outro dos mais importantes códices do Novo Testamento, que são mais numerosos. São designados pelas letras minúsculas do alfabeto latim. (...).

(Texto extraído de “Bíblia Sagrada com Enciclopédia Bíblica Ilustrada” – Editora SBB, 2011).