VOCÊ
SABIA?
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FINALIDADE DO TRATADO E TERMINOLOGIA
No tratado da inspiração
mostrou-se, em princípio, que existem livros inspirados, e descreveram-se a
natureza e as propriedades dessa inspiração. É preciso estabelecer agora
quantos e quais são concretamente os livros inspirados. O presente tratado
mostrará como os livros inspirados foram, por seu caráter sacro, primeiramente
distinguidos dos livros profanos, e, pouco a pouco então unidos em conjunto,
formaram a coleção de livros chamada “cânon bíblico”. Examinaremos, em suas
linhas gerais, esse lento processo de “canonização”, ou seja, formação do cânon
dos livros inspirado, depois de inicialmente focalizarmos algumas noções
indispensáveis.
Cânon
Nos escritores profanos cânon designava originariamente,
qualquer bastão reto e longo. Ora, como os antigos se serviam de uma cana para
medir, o termo tomou logo o sentido derivado de medida, régua, também em
sentido metafórico, e portanto regra,
norma, modelo, de emprego até na gramática e na arte.
Nos escritos eclesiásticos o
termo cânon conservou o sentido
de norma ou regra, e foi utilizado em conexão com a fé e os costumes, a
disciplina (especialmente do clero), a liturgia, e sobretudo o propósito da
Sagrada Escritura, considerada como regra suprema de fé e de vida.
Cânon
bíblico
A expressão “cânon bíblico”
designa, desde o séc. III, o catálogo oficial dos livros inspirados, os quais
por sua origem divina constituem a norma da fé e dos costumes.
Do termo “cânon” formou-se o
adjetivo canônico no sentido de
“pertencente ao cânon”, e o verbo canonizar,
significando, “incluir no cânon”.
Canonicidade
e inspiração
Praticamente os termos
“canônicos”e “inspirado” se equivalem,
mas em si as duas noções abstratas são formal e substancialmente diversas.
Inspirado é o
livro que tem Deus por autor principal e por isso uma aptidão intrínseca para
regular infalivelmente a fé e os costumes.
A inspiração de um livro
depende, pois, exclusiva e diretamente de Deus;
a canonicidade de um livro, ao invés, depende diretamente da autoridade
da Igreja. A canonicidade de um livro supõe a inspiração do mesmo; por sua vez,
a inspiração de um livro exige que a sua aptidão para regra a fé e os bons
costumes seja posta em exercício pelo
reconhecimento oficial de sua inspiração porá parte da Igreja, sem o que um
livro inspirado ainda não pode chamar-se canônico.
Protocanônico
e Deuterocanônico
(...) os deuterocanônicos só mais
tarde foram reconhecidos como inspirados por parte da Igreja universal, em
vista de dúvidas surgidas em algumas igrejas particulares a respeito da sua
origem divina; ao passo que os protocanônicos foram desde o início reconhecidos
pela Igreja universal como inspirados, sem que jamais tenha havido qualquer
incerteza.
Os deuterocanônicos são sete
no AT e sete no NT, a saber: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc,
1-2 Macabeus (no AT); a epístola aos Hebreus, a epístola de São Tiago, a
segunda epístola de Pedro, a segunda e a terceira epístola de São João, a
epístola de São Judas, e o Apocalipse (no NT). A esses livros se acrescentam
três trechos do AT Est 10.1-16,24 (Vg) e Dn 3.24-90; 13-14.
*Observação: Os livros do Antigo Testamento,citados acima, a saber: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, 1-2 Macabeus, foram introduzidos somente nas edições da bíblia católica, assim como os
acréscimos dos textos de Ester (nas demais edições só tem até o vers. 3) e
Daniel(nas demais edições o capítulo 3 só vai até o vers. 30); Daniel 14 só se
encontra nas Bíblias de edição
católica).
(Texto extraído do livro
“Introdução à Bíblia,- Editora Vozes, 1968.*Observações minhas)