sábado, 5 de dezembro de 2015

4º TRIMESTRE DE 2014 - LIÇÃO 10

JESUS RENOVA AS ESPERANÇAS DE JOÃO BATISTA

imagem extraída de https://www.jw.org/pt/biblioteca

A pergunta de João Batista revela certa decepção. Parece que ele esperava outra manifestação de Cristo, talvez da mesma maneira que os demais judeus aguardavam: um rei poderoso e um libertador do povo judeu.


QUEM ERA JOÃO BATISTA

Era mais do que um profeta: Jesus o exaltou dizendo ser ele mais do que profeta, pois era o precursor de Cristo, isto é, aquele que veio para preparar o caminho para Cristo cumprir a sua missão.

Para pensar: Assim como João Batista foi convocado para anunciar a vinda de Cristo preparando o povo para o arrependimento, a Igreja hoje tem a mesma missão. Devemos convocar o mundo a arrepender-se e crer no Evangelho, pois a vinda de Jesus é um fato, e está cada vez  mais próxima.

Um fiel mensageiro, cuja mensagem era absolutamente focada em Cristo, a quem apontava como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Sua missão era preparar as pessoas para receber a salvação, que deveria ser precedida pelo arrependimento, por isso sua mensagem central era?: “Arrependei-vos!”.

Para pensar: Hoje, tenho sentido desgosto em assistir a alguns cultos televisivos, pois a mensagem do Evangelho está sendo desviada de seu alvo, de maneira que ao invés de se apontar Jesus como o meio pelo qual o povo alcançou a cura, a libertação, etc, o pregador evidencia a placa de sua igreja e o nome do “curandeiro” ou “milagreiro”.
João Batista só apontava um nome. Ele diz de si mesmo: “Não era ele a luz, mas veio para que testificasse da luz” Jo 1.8.

Era uma homem intransigente, que jamais aceitou qualquer atitude que ferisse os princípios da santidade, e por conta disso sofreu muito nas mãos de Herodes, até perder, literalmente, a sua cabeça, que foi servida a Herodias (mulher de Herodes), em uma bandeja (Mc 6.7-29;Lc 13. 19 ss).
Jesus perguntou ao povo se esperavam ver (em João), uma cana agitada pelo vento. No entanto, Jesus evidencia que ele era um homem forte, intransigente, fiel a sua missão.
Para pensar: Como estamos nos comportando em relação a nossa missão no mundo? Somos inflexíveis em relação a abrir mão dos nossos conceitos cristãos e bíblicos, ou nos deixamos levar pelo modismo e influências mundanas?
Era humilde: Tinha discípulos e batizava a muitos, no entanto, quando viu Jesus parou tudo o que fazia e passou a apontá-lo: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Da mesma forma, ele testificou dizendo que não era digno nem sequer de desatar as correias de suas sandálias.

Observação: João Batista reconheceu Jesus quando, ao batizá-lo, o Espírito Santo pousou em sua cabeça em forma de pomba, conforme previa as profecias (Jo 1. 33, 34).

Em relação a sua aparência, era um homem simples, e estava longe de ser cotada como alguém “da moda”. Vestia-se de forma incomum, com roupas de pele, comia gafanhoto e vivia no deserto. Jesus perguntou ao povo: “Que fostes ver? Um homem ricamente trajado?”. Nada em João transmitia excelência, no entanto, Jesus afirmou que não houve um homem nascido de mulher que fosse maior do que ele. Sua missão foi ímpar.

Para pensar:  Há cristãos que pensam que o fato de não ter dinheiro ou bens diminui o nome de Cristo, no entanto, biblicamente falando, isso não tem qualquer base, pois vemos os maiores exemplos de crentes em homens e mulheres comuns, a maioria pobre, materialmente falando, mas cheios da graça divina.

Exemplos: João Batista, conforme já vimos acima; Jesus não tinha nem onde reclinaar a cabeça (Mt 8.20); Pedro e João: “Não temos prata, nem ouro...”; A Igreja repartia tudo o que tinha entre si; Maria e José eram carpinteiros (profissão humilde, e na apresentação de Jesus eles ofereceram uma rola, oferta de pobres – Lc 2.24;  Lv 12.8), Pedro, Tiago, João e Andre eram pescadores; Paulo, embora pertencente à classe nobre, enquanto trabalhou para o Evangelho chegou a padecer necessidades (Fp 4.12);  Jesus advertiu a não juntar tesouros na terra (Mt 6.19,20).

A PERGUNTA DE JOÃO BATISTA

“És tu aquele que havia de vir, ou devemos esperar outro?” (Mt 11.13). Não podemos nos esquecer de que João estava preso. Ele conhecia bem as Escrituras, a qual dizia que Jesus veio dar liberdade aos cativos, e abertura de prisão aos presos-(Is 1. 1,2).

Para pensar: Quantas vezes nos sentimos duvidosos em relação ao que pregamos, quando passamos por momentos adversos e parece que Deus nada vê. Durante anos pregamos que Jesus cura e vemos um ente morrer, não obstante nossa campanha de jejum e oração; Dizemos que Ele liberta e assistimos nosso irmão de fé sofrendo ao ver seu filho sucumbir pelas drogas; Pregamos a alegria em Cristo, e a situação em nossa vida se agrava de tal modo que não nos vem outra escolha a não ser chorar compulsivamente, etc.
Davi sentiu isso muitas vezes. Basta ler o Salmo 42. 1-4, 9,10 para entender a guerra espiritual em que vivia o salmista ao não ver a operação de Deus para livrá-lo dos seus sofrimentos.
Ali estava um homem de fé, que passou toda a vida se preparando para anunciar o Libertador e Consolador dos tristes, levou multidões ao arrependimento por meio de suas mensagens de conversão, e agora, estava preso, esperando julgamento, consciente de sua má situação diante do rei Herodes que não aceitava seus protestos contra a vida adúltera que levava. E, cada Jesus? Então, lhe surge a ideia de chamar seus discípulos e mandá-los perguntar àquele a quem até então anunciava como sendo o Filho de Deus enviado ao Mundo: “Pergunte-lhe se ele é o que esperamos, ou se é outro que virá”.
Ele não duvidava da promessa, mas se ela já fora cumprida, ou se ele se enganara. 

Para pensar: Às vezes, nos pegamos duvidando se o agir de Deus realmente já começou ou se ele ainda iniciará a sua obra a nosso favor. Tal qual Gideão nos surpreendemos a pensar: "Se o Senhor é conosco porque todas essas coisas nos sobreveio? E o que é feito de todas as tuas maravilhas que nossos pais nos contaram?"(Jz 6. 13)

JESUS NÃO CULPOU JOÃO POR CAUSA DE SUA DÚVIDA

Ao contrário, ao invés de falar sim ou não, ele mostrou com atitude: “Diga a ele o que vocês veem e ouvem: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são curados, e aos pobres é anunciado o Evangelho. E bem aventurado é aquele que não se escandalizar em mim” (Mt 11.2-6).
Quando os discípulos de João saíram, Jesus começou a elogiar João Batista, ou seja, ele sabia que sua dúvida fazia parte do momento difícil em que ele passava. O mesmo aconteceu a , mas a Bíblia e enfática em dizer que “em nada disso Jó pecou”, isto é, Deus não recebeu as palavras dele como pecado. Deus compreendia que "a esperança demorada enfraquece o coração"(Pv 13.12), e por isso a Bíblia exorta a não nos esquecermos das promessas, exemplo este bem figurado na pessoa de Calebe que esperou 45 anos, e no dia da bênção cobrou o que o Senhor lhe prometera (Josué 14. 6-12).

Jonas também preferiu morrer a ver Nínive ser salva, pois aquela cidade fez muitas atrocidades com o seu povo, mas ao invés de puni-lo Deus mostrou o seu lado como Criador daqueles homens. Ao ser convocado por Deus para libertar Israel do Egito, Moisés recusou-se a ir. Deus, pacientemente o convenceu, e mesmo ao irar-se com tamanha falta de fé, ele não o puniu, mas arranjou-lhe um companheiro, seu irmão Arão. Deus sabia que o deserto deixara aquele homem, poderoso em palavras (eloquente) totalmente inseguro.

Gideão já havia sofrido tanto por causa dos filisteus que devastavam suas plantações que quando Deus o escolheu como libertador de seu povo, ele deu suas desculpas (minha família é a mais pobre da tribo, e eu sou o menor). Após Deus afirmar que isso não importava, ele ainda fez provas, e refez, por que sua situação de anos fizera com que perdesse a fé: Se Deus sempre vira a situação deles porque iria intervir somente agora, e através do mais improvável dos homens?

Para pensar: Às vezes vemos as coisas dando tudo errado e começamos a cogitar se Deus realmente se importa conosco, e se Ele um dia irá intervir. Outras vezes, Deus nos fala por algum meio prometendo nos dar a vitória, inicialmente cremos, mas depois, como as coisas não aparentam melhorar, voltamos a duvidar que foi Deus quem nos falou. Ele compreende nossos impasses, e é por isso que ele enviou seu Espírito para nos ajudar em nossas fraquezas (Rm 8. 26).

O MEIO DOS ANOS

(Hb 3. 2 a) “Aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos”.

Habacuque havia ouvido sobre a ira de Deus sobre o povo, e teve medo. Então ele orou para que quando o povo estivesse no meio da tribulação Deus tivesse misericórdia deles e agisse com poder e graça. A partir dessa frase de Habacuque, “o meio dos anos” vem sendo interpretado como o momento em que o povo de Deus precisa de um renovo espiritual para suportar as tribulações advindas à Igreja. 


O poeta Carlos Drummond de Andrade é autor de um pequeno, mas significativo poema sobre a renovação da esperança  no recomeçar do ano. Transcreverei um pedaço dele, que diz:
“Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para adiante vai ser diferente”.

Os meios dos anos são exemplos de exaustão, de cansaço, desânimo, pois ainda que a primeira metade já foi vencida, ainda resta a outra a ser enfrentada.
O começo dos anos são tempos de projetar, enquanto o meio é tempo de realizar, mas a conclusão está no fim deles.
Nesse ínterim, somos assaltados pelo desânimo, e até pela descrença quando nossos projetos  não parecem ir muito bem.
O meio dos anos são os momentos em que temos de encarar as nossas convicções e enfrentar as nossas crises interiores, e se não passarmos nesse teste, então nossas esperanças podem morrer.

A fé produz esperanças, e é por isso que o escritor aos hebreus (11.6) diz que “sem fé é impossível agradá-Lo”. 

ALGUMAS  PESSOAS DA BÍBLIA QUE ENFRENTARAM “O MEIO DOS ANOS”

Pedro, quando confrontado por Cristo para negá-lo, disse-lhe: “Para onde irei, se só tu tens palavra de vida eterna?” No entanto, ao ver seu Mestre sendo preso não teve fé para morrer com ele, e negou a Jesus;

O apóstolo Paulo, sendo ignorado pelos irmãos de Corinto, teve de se impor (2 Co 11;12.11). No meio da tempestade, quando estava sendo levado à Roma, precisou dar esperanças ao povo (At 27) Paulo animou-se ao ver alguns irmãos (At 28.15).
Jesus, que na hora de ser entregue à morte orou:”Se possível, passa de mim este cálice”;
Ester, que estava vivendo um impasse: Só ela estava em posição de falar ao rei em favor dos judeus, sem que o rei soubesse que ela também era judia, e, ela não podia entrar ao rei sem ser convocada. Levantou um clamor, com jejum e resolveu, pondo em risco a sua vida, falar ao rei.

CONCLUSÃO: Não importa qual seja o nosso termômetro espiritual, se estamos bem ou mal, a única coisa certa é que “o meio dos anos” chega para todos, mas o Espírito Santo tem a missão de ajudar as nossas fraquezas, e,ao falarmos com Jesus ele renova as nossas esperanças.


Por Leila Castanha