PONDERAÇÕES
SOBRE A EFETIVA LIBERDADE DO HOMEM E SUA FIXIDEZ EM UM DETERMINADO ESTADO
"Corramos com paciência a carreira que nos está proposta (Hb 12.8) |
Nas diversas páginas virtuais, ou físicas, ligadas a assuntos
teológicos, testemunha-se certo zelo espiritual, assumido e enfatizado por
alguns companheiros de fé cristã, que rejeita a ênfase na condição humana de
ser livre, ou de ser de escolhas efetivas, explicitada claramente nas
Escrituras. Esse zelo, ou excesso de zelo, deixa de levar em consideração que a
liberdade relacionada à salvação conta com o fato primordial – a graça de Deus,
disposta a todos os homens, como destaca o seguinte verso: “Porque a graça
salvadora de Deus se há manifestado a todos os homens.” (Tito 2.11). Também
ignora que a revelação direcionada à Igreja: “Aquele que beber da água que eu
lhe der se fará nele uma fonte que salta para a vida eterna." (Jo 4.14) –
não se restringe à Igreja, pois ela, como evangelizadora, deve estendê-la a
toda a criatura. Essa revelação já está a explicitar a liberdade do homem,
entre o aceitar e o rejeitar, realidade que se repete em forma de convite: “E o
Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: vem. E quem tem sede venha;
e quem quiser, tome de graça da água da vida.” (Ap 22.17).
Pelo caráter de convite – convite à salvação – esse
chamado se apresenta como condicional, e, implicitamente, apresenta a
possibilidade da salvação aberta a quem desejar acolhê-lo. Relembrando que,
como no verso anterior, apesar de o último verso citado ser proveniente de uma
epístola direcionada à Igreja não se deve esquecer que a missão designada a Ela
(Igreja) é a evangelização, portanto, a boa nova da água disponível a
quem deseja beber deve ser propagada a todo o mundo, consequentemente, esse
convite não é restrito a um meio chamado Igreja, sendo só ela livre para
aceitá-lo ou rejeitá-lo, não, é estendido ao mundo - que a Igreja deve
evangelizar -, para que a parcela que acolhê-lo se faça integrante do corpo
chamado Igreja. O convite não é feito restritamente à Igreja, é feito ao
mundo para que, os de suas fileiras, aceitando-o, se faça Igreja.
Quanto à eternidade da Salvação, pode-se, amparado
nas Escrituras, afirmar que há a salvação consumada, aquela alcançada por
aqueles que já receberam a coroa, porém há a salvação por se confirmar, essa
salvação a ser confirmada é caracterizada por todos que, regenerados, ainda
labutam nessa existência, e como tais, ainda esperam pelo selo final, o selo
confirmatório, ou a coroa da vida. Essa realidade pode ser percebida na
exposição paulina abaixo:
“E, na
verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do
conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas
estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo,
E seja
achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em
Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé, para conhecê-lo, e à
virtude da sua ressurreição, e à comunicação de suas aflições, sendo feito
conforme à sua morte;
Para ver
se de alguma maneira posso chegar à ressurreição dentre os mortos. Não que já a
tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o
que fui também preso por Cristo Jesus.
Irmãos,
quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que,
esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante
de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo
Jesus”. (Fp 3.8-14).
Assim como a salvação é parcial, enquanto não for efetivada,
enquanto não se configurar como salvação confirmada, a perdição também. Da mesma maneira como o apóstolo prosseguia para alcançar o que ainda não havia alcançado
definitivamente, e não considerava que já havia alcançado o que almejava,
pode-se encarar o pecador, em sua condição de pecador, um ser perdido, porém,
embora rumando para a perdição, deve-se percebê-lo como alguém com
possibilidades de ser alvejado pela graça: “Por isso diz: Desperta, tu que
dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá.” (Ef 5.14).
Portanto, todo aquele que ainda caminha, que ainda combate o bom
combate, deve adotar o pensamento paulino de uma salvação ainda por se
consumar, como orientador, procurando manter seus passos ciosos na busca da
consumação da esperança escatológica que o incita a prosseguir.
Por Lailson Castanha
Texto extraído de:
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https://teologiaarminiana.blogspot.com/search?q=PONDERA%C3%87%C3%95ES+SOBRE