terça-feira, 6 de outubro de 2015

ENTENDENDO A DOUTRINA DO LIVRE-ARBÍTRIO (OU ARMINIANISMO)

PONDERAÇÕES SOBRE A EFETIVA LIBERDADE DO HOMEM E SUA FIXIDEZ  EM UM DETERMINADO ESTADO

"Corramos com paciência a carreira que
nos está proposta (Hb 12.8)
Nas diversas páginas virtuais, ou físicas, ligadas a assuntos teológicos, testemunha-se certo zelo espiritual, assumido e enfatizado por alguns companheiros de fé cristã, que rejeita a ênfase na condição humana de ser livre, ou de ser de escolhas efetivas, explicitada claramente nas Escrituras. Esse zelo, ou excesso de zelo, deixa de levar em consideração que a liberdade relacionada à salvação conta com o fato primordial – a graça de Deus, disposta a todos os homens, como destaca o seguinte verso: “Porque a graça salvadora de Deus se há manifestado a todos os homens.” (Tito 2.11). Também ignora que a revelação direcionada à Igreja: “Aquele que beber da água que eu lhe der se fará nele uma fonte que salta para a vida eterna." (Jo 4.14) – não se restringe à Igreja, pois ela, como evangelizadora, deve estendê-la a toda a criatura. Essa revelação já está a explicitar a liberdade do homem, entre o aceitar e o rejeitar, realidade que se repete em forma de convite: “E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: vem. E quem tem sede venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida.” (Ap 22.17).
   Pelo caráter de convite – convite à salvação – esse chamado se apresenta como condicional, e, implicitamente, apresenta a possibilidade da salvação aberta a quem desejar acolhê-lo. Relembrando que, como no verso anterior, apesar de o último verso citado ser proveniente de uma epístola direcionada à Igreja não se deve esquecer que a missão designada a Ela (Igreja) é a  evangelização, portanto, a boa nova da água disponível a quem deseja beber deve ser propagada a todo o mundo, consequentemente, esse convite não é restrito a um meio chamado Igreja, sendo só ela livre para aceitá-lo ou rejeitá-lo, não, é estendido ao mundo - que a Igreja deve evangelizar -, para que a parcela que acolhê-lo se faça integrante do corpo chamado Igreja.  O convite não é feito restritamente à Igreja, é feito ao mundo para que, os de suas fileiras, aceitando-o, se faça Igreja.
   Quanto à eternidade da Salvação, pode-se, amparado nas Escrituras, afirmar que há a salvação consumada, aquela alcançada por aqueles que já receberam a coroa, porém há a salvação por se confirmar, essa salvação a ser confirmada é caracterizada por todos que, regenerados, ainda labutam nessa existência, e como tais, ainda esperam pelo selo final, o selo confirmatório, ou a coroa da vida. Essa realidade pode ser percebida na exposição paulina abaixo:

“E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo,
E seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé, para conhecê-lo, e à virtude da sua ressurreição, e à comunicação de suas aflições, sendo feito conforme à  sua morte;
Para ver se de alguma maneira posso chegar à ressurreição dentre os mortos. Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus.
Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”. (Fp 3.8-14).


Assim como a salvação é parcial, enquanto não for efetivada, enquanto não se configurar como salvação confirmada, a perdição também. Da mesma maneira como o apóstolo prosseguia para alcançar o que ainda não havia alcançado definitivamente, e não considerava que já havia alcançado o que almejava, pode-se encarar o pecador, em sua condição de pecador, um ser perdido, porém, embora rumando para a perdição, deve-se percebê-lo como alguém com possibilidades de ser alvejado pela graça: “Por isso diz: Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá.” (Ef 5.14).
Portanto, todo aquele que ainda caminha, que ainda combate o bom combate, deve adotar o pensamento paulino de uma salvação ainda por se consumar, como orientador, procurando manter seus passos ciosos na busca da consumação da esperança escatológica que o incita a prosseguir.



Por Lailson Castanha

Texto extraído de:
 https://teologiaarminiana.blogspot.com/search?q=PONDERA%C3%87%C3%95ES+SOBRE