JUDAÍSMO
ESCRITURAS SAGRADAS
O judaísmo é uma religião de livros, que são a base de sua fé em que o que Deus revelou a Moisés no Monte Sinai está preservado numa Escritura Sagrada, a Torá. A Torá tem a autoridade final em questões de fé e inclui as mais importantes leis que determinam a vida judaica. Para sua aplicação prática é adicionada uma longa tradição de interpretações e comentários. A erudição é importante para os judeus para que possam ler, interpretar e compreender a "Lei de Moisés" tanto quanto possível em hebraico. A formação e a educação na vida judia, por isso, têm alta prioridade.
A TORÁ- revelação e lei
No Monte Sinai, segundo a concepção judaica, Deus se revelou a Moisés e lhe deu duas tábuas de pedra com os dez mandamentos. Moisés, de acordo com essa revelação, escreveu o Pentateuco (em hebraico, Chumash), os cinco livros de Moisés. Esses livros formam a Torá (do hebraico: "instruções", "ensino"), em sentido estrito. Num sentido mais amplo podem ser considerados todos os livros da Bíblia hebraica (Tenach). (... ) O Pentateuco trata-se da parte mais antiga da Bíblia hebraica, o fundamento da vida e da fé judaica. Para os religiosos judeus a Torá é sagrada e suas 613 leis (245 mandamentos e 368 proibições) são, pelo menos para os judeus ortodoxos, absolutamente autênticas.
TENACH - a Bíblia hebraica
Juntamente com a Torá, Neviim e Ketuvim formam a Bíblia hebraica. Seu nome Tenach, é uma palavra inventada,composta a partir dos primeiros nomes das três fontes (T, N e K).O Tenach contém aproximadamente o mesmo texto que o Antigo Testamento da Bíblia cristã. Na Torá estão reunidos os cinco livros de Moisés, a doutrina de Neviim ("Profetas") abrange os livros proféticos Josué, Juízes, Samuel, Reis, Isaías, Jeremias, Ezequiel e doze outros profetas. Na terceira parte, Ketuvim ("hagiógrafos") encontram-se os Salmos, os livros de Rute, Ester, Jó, o Cântico dos Cânticos (*Cantares de Salomão) e as lamentações. No entanto, no Tenach esses textos são ordenados e contados de forma diferente que na Bíblia. Em vez de 39 livros do Antigo Testamento da Bíblia, os judeus contam apenas 24. O tamanho do texto permanece o mesmo.
O TALMUDE - lei e interpretação
Por um cânon obrigatório dos 24 livros da Bíblia hebraica, realizaram-se, no século I d.C., reuniões de rabinos em Jerusalém (65 d.C.) e Jabne-Jamnia (ca. 90d.C.).Por esse tempo as já há muito transmitidas interpretações orais das escrituras sagradas começaram a ser coletadas. As interpretações tinham por objetivo encontrar orientações segundo as quais, dadas as circunstâncias do momento, se pudesse cumprir adequadamente a lei.No século II d.C., essas coletâneas foram organizadas e registradas por escrito. Uma visão abrangente das tradições jurídicas (halaká) até então vigentes surgiu nessa época na Mischná (do hebraico: "repetição verbal"). Aí, as leis para todas as áreas importantes da vida são apresentadas em conjunto: 1) Agricultura (Seraim, "sementes"); 2) Festas (Moed); 3) Mulheres (Naschim); 4) Direito Civil e Penal (Nasikin); 5)Sacrifício e sagrado (Kodaschim); 6)Puro e impuro (Toharot). Nas principais academias da Palestina e da Babilônia, estas doutrinas eram constantemente discutidas e novamente desdobradas. As discussões registradas por escrito sobre as seis ordens (seder), são escritas em aramaico e foram denominadas Gemara (do aramaico, "conclusão"). Mischna e Gemara juntas formam o Talmud (do hebraico lamad, "estudos", "ensino"). O Talmud de Jerusalém, surgido no século V d.C. distingue-se do Talmud babilônico,mais amplo e mais significativo, que foi escrito nos séculos VI/VII d.C.. O conjunto do Talmud consiste em grande parte das discussões de leis (halacha) e uma parte menor com relato (haggada), que fornece um panorama da vida judaica naquela época. Em 1520-23 foi publicada em Veneza uma edição impressa do Talmud, que se tornou o padrão para as impressões e as citações do Talmud.
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A CABALA
A tradição do misticismo judaico é transmitida por meio da cabala (em hebraico, "recebido"). As principais obras da cabala são os Sefer ha-Bahir ("Livro do Brilho"), surgido no sul da França no século XII, e o Sefer ha-Shar ("Livro do Brilho da Luz"), elaborado na Espanha nos séculos XIII/XIV. As tradições aí reunidas lidam cada qual com os sefirot, os dez elementos e dimensões da criação ("dez reflexos" ou "dez vestes da divindade"), por meio dos quais o infinito e inexplicável Deus se apresenta no mundo. O centro do movimento cabalístico foi inicialmente a Espanha. Em 1492, quando os judeus foram expulsos da Espanha, a localidade de Zefat, na Galiléia, assumiu essa função. Quem tenta alcançar o conhecimento de Deus de acordo com os ensinamentos da cabala se aprofunda nos mistérios ocultos da Torá e de Deus, tal como podem ser encontrados nas tradições secretas e no esoterismo judaico. Uma maneira de fazer isso é concentrar-se em palavras individuais de um texto cabalístico e sua estrutura. Em hebraico cada letra tem um valor numérico e por isso uma soma pode ser atribuída a cada palavra. Palavras que têm o mesmo valor numérico, mas que inicialmente não parecem estar relacionadas, segundo a mística numérica cabalística têm uma misteriosa relação entre si.
Para os místicos da cabala, no entanto, o caminho mais importante para Deus é a oração. Para isso assumia-se uma atitude de introspecção da qual eram parte o recolhimento, o vazio interior e a serenidade. A doutrina da cabala, que hoje caracteriza principalmente o hassidismo, fascinou as pessoas em todos os tempos. Desde o século XV os estudiosos cristãos se interessaram por ela, desejando descobrir pistas para as verdades da fé cristã. No século XX o cientista judeu Gershom Scholem (1897-1982) estabeleceu a investigação da cabala como uma disciplina acadêmica.
(Fonte: Uma Breve História de Religião e Fé (Revista), editora escala, parte judaísmo).