sábado, 16 de maio de 2015

LIÇÃO 1 - 2º TRIMESTRE DE 2015


COMENTÁRIO ADICIONAL

UM FARAÓ QUE NÃO CONHECEU JOSÉ
Abraão morava em Ur dos Caldeus (antiga cidade ao sul da Babilônia, na Baixa Mesopotâmia). Esta região era localizada entre os rios Tigre e Eufrates.
Em Gn 12 conta-se a história da chamada de Abraão, quando Deus ordenou que ele deixasse seus parentes e sua terra e fosse para um lugar onde lhe mostraria.
Em Gn 15 há a narrativa da promessa de Deus a Abraão na qual ele afirmava que após os israelitas viverem 400 anos peregrinando em terra estrangeira  sua descendência herdaria a terra de Canaã, que era uma região do Oriente Médio, situada entre as costas do Mediterrâneo e às margens do Rio Jordão. Hoje, essa região é Israel.
Nos versículos 18-21 constam as palavras de Deus a Abraão, na qual ele afirmou que tinha dado todos os habitantes de Canaã nas mãos dos israelitas, e citou nome por nome de seus moradores.
Daí nos advém a seguinte questão: Por que ao invés de Deus dizer apenas que havia entregado  os moradores de Canaã nas mãos dos seus descendentes  ele citou nome por nome dos povos que ali habitava? 
Deus assim o fez para que Abraão não tivesse dúvidas sobre a promessa de Deus de que aquela cidade seria dos israelitas, ou seja, Ele mostrou-lhe que estava ciente de toda a população que havia em Canaã, mas mesmo assim aquela terra seria dos israelitas.
                                                                                                           
Observação: Essa região da Palestina era habitada pelos descendentes de Canaã, filho de Cam, neto de Noé. O nome Canaã deriva de Cam (filho de Noé), de quem descendia os seus habitantes.

1.1. UM POVO PASTORIL
No início da história dos hebreus eles eram povos nômades (que se muda constantemente de lugar). Isso era muito comum pelo fato de serem pastores e habitarem em desertos.
Durante três séculos esse povo foi liderado pelos anciãos, geralmente, eram homens mais velhos das tribos, conhecidos também como patriarcas.
Alguns patriarcas dos israelitas foram, consecutivamente, Abraão, Isaque e Jacó, e após a libertação da escravidão do Egito Moisés e Josué tornaram-se os líderes.
O povo de Israel passou um longo período na terra dos cananeus, e durante um tempo de fome mudou-se para o Egito.
Para que sua entrada no Egito fosse possível Deus elaborou um plano: Ele usou um hebreu que fora vendido por seus irmãos aos egípcios e o colocou como governador  dessa região que era muito avançada para aquele tempo.

1.2.  UM POVO NUMEROSO
Conforme Deus havia prometido a Abraão, Israel se tornou um povo numeroso, de tal modo que Faraó preocupou-se de que , eventualmente, eles se rebelassem e tomassem o trono.
Não era uma preocupação sem nexo, pois essa região já fora dominada por vários povos, inclusive, na época de José quem reinava no Egito era um rei estrangeiro, pertencente a um povo asiático, denominado hicso.
Deus precisou arquitetar um plano para que a sua promessa a Abraão fosse cumprida, dentro dos limites da história humana. 
Ele controla os eventos, quando necessário, a fim de que seus planos não sejam frustrados, conforme indica o texto de Isaias 55.1.

1.3. DEUS CONTROLA OS EVENTOS:
 A Bíblia nos relata que os caminhos de Deus são mais altos do que os nossos caminhos e seus pensamentos mais altos do que os nossos pensamentos (Isaias 55.8,9).
Após ser vendido pelos seus irmãos José tornou-se mordomo de Potifar (capitão da guarda de Faraó), em seguida foi preso injustamente, depois foi chamado a presença de Faraó para interpretar um sonho, e por fim, tornou-se o governador do Egito (a pessoa mais importante depois do próprio Faraó).
No entanto, para entendermos como Deus trabalhou na arquitetura desse plano é necessário fazermos algumas observações:

1.     O Faraó da época de José
Segundo a história, quando José tornou-se governador do Egito o faraó que reinava era um estrangeiro pertencente a um povo chamado hicso, de origem asiática, que provavelmente veio ao Egito por causa da fome que houve naquela época.
Os hicsos são conhecidos pela história como os “reis pastores”, no entanto, há um consenso entre muitos pesquisadores de que o significado mais fiel desse vocábulo é “reis de países estrangeiros”.
 Os reis dos hicsos reinaram no Egito como a décima quinta dinastia.

a.     História dos hicsos
Eram povos semitas, que viviam na Ásia, tinham a pele bronzeada, cabelos e olhos escuros.
Eles possuíam carruagens e cavalos (até então era novidade para os egípcios), além de possuírem armas mais fáceis de manusear do que a dos guerreiros do Egito.
Os reis tebanos (de Tebas, no Egito) governaram durante três séculos, mas apesar de terem sido governantes fortes não podiam dar conta de todas as províncias que eram governadas pelos nobres que, ao se rebelarem, permitiram a entrada de outros povos.
 Foi dessa forma que os hicsos entraram pacificamente no Egito. 
Era uma época de conturbações políticas, e aproveitando-se do clima de desavenças entre o governo e os nobres os hicsos organizaram um exército e seus reis tomaram o poder dos monarcas egípcios.
Apesar de ser um povo guerreiros os hicsos eram civilizados e tinham honra, no entanto não eram muito bons como governantes.
Foi no governo desses reis que José tornou-se o governador do Egito.

Curiosidade: Os hicsos levaram os cavalos para o Egito e, mais tarde esse povo tornou-se grandes importadores de cavalos (Ex 14.9;2 Cr 1.16).

b.     O erro dos hicsos
Embora reinassem no Egito os hicsos não mudaram a cultura daquele povo. 
Em palavras mais simples, podemos dizer que “cultura” é a forma costumeira de um povo fazer as coisas.
Assim, ao invés de os hicsos implantarem suas tradições e cultura (seu jeito e costumes) no Egito, eles se “egipcionaram”, ou seja, adotaram a cultura deles.
A cultura de um povo é a sua identidade, e enquanto uma nação tiver suas referências vai tentar lutar para se recompor, pois os dominadores serão vistos como intrusos.
No entanto, ao acabar com a cultura do povo dominado, este passa a ser dependente do dominador, porque a eliminação de suas tradições fá-los perder a própria identidade.

c.      Israel e a cultura de outros povos
 Não era a toa que Deus proibia os israelitas de se misturarem com outras nações. Ao se misturar, o povo de Israel passava a incorporar em suas tradições a idolatria e desprezava o verdadeiro Deus.
Veja como os homens de Deus se comportavam quando os israelitas se misturavam com gente de outras nações: Leia Esdras 9.1-4 e Neemias 13.23-28. 
Observe que Neemias (13. 24) preocupa-se porque as crianças já estavam desaprendendo a língua deles, e passando a falar a língua de seus pais estrangeiros:

"Vi também naqueles dias judeus que tinham casado com mulheres asdoditas, amonitas e moabitas. E seus filhos falavam meio asdodita, e não podiam falar judaico, senão segundo a língua de cada povo."

O apóstolo Paulo também exortou os irmãos a não se conformarem com este mundo (Rm 12.2; 1 Co 5.6).
A cultura que se sobressai é a do dominador. Por isso devemos zelar para não nos perdermos, nos adaptando à cultura do mundo, para que não percamos as tradições cristãs, ensinadas segundo a sã doutrina da Palavra de Deus.

Observação: Após a expulsão dos hicsos do Egito os hebreus foram perseguidos pelos egípcios que passaram a lhes cobrar altos impostos, e por fim os escravizaram.

2.     GUARDADO DE FORMA SOBRENATURAL
Embora o faraó do tempo de Moisés não conhecesse José, certamente ouvira falar de sua fama, pois os israelitas tinham posições privilegiadas no Egito (Ex 1.9).
Anos depois da morte de José nasceu Moisés, o libertador do Egito, e Faraó ordenou às parteiras que matassem todos os recém-nascidos do sexo masculino. Não havia preocupação com as meninas, pois Israel era uma nação patriarcal, ou seja, os homens eram responsáveis pelo governo e provisões.
Entre a morte de José e a perseguição do povo de Israel houve um período de 220 anos.
Deus providenciou para que Moisés fosse adotado pela filha de Faraó, levando-o assim para baixo do mesmo teto que o opressor do povo a quem, posteriormente, ele iria libertar.
De lá do palácio real Moisés podia observar o sofrimento do seu povo de modo que não suportando tentou salvá-los matando um carrasco egípcio que oprimia um escravo hebreu.

2.2, SIFRÁ E PUÁ
O nome Sifrá significa beleza, e Puá quer dizer explêndida. Estes eram os nomes das parteiras que fizeram o parto de Moisés e de muitos bebês israelitas.
Embora ordenadas a matar todos os bebês meninos elas desobedeceram e inventaram uma história para o rei, dizendo-lhe que as mulheres hebreias tinham seus filhos sozinhas, por isso não conseguiam matá-los.
Por outro lado, Deus estava atento à atitude dessas mulheres e as abençoou (Ex 1.20), conforme prometera a Abraão, dizendo-lhe que abençoaria a quem o abençoasse (Gn. 12). 

2.3.  A MORTE DEU LUGAR À VIDA
O plano de Faraó era matar os meninos hebreus, e dentre os infantos estava o futuro libertador dos israelitas.  
Joquebede, mãe de Moisés, sem ter mais como escondê-lo, porque ele já chorava alto, fez uma cestinha, e o colocou dentro dela, levando-a em seguida para o rio Nilo, e ordenando à Miriã, sua filha mais velha, para que o vigiasse.

Observação: O rio Nilo era infestado por crocodilos, por isso há um consenso entre muitos estudiosos da Bíblia de que Moisés não foi colocado no leito do rio para que a cestinha boiasse com ele, mas sua mãe o colocou na beira do rio, e não dentro dele.
Em algumas versões da Bíblia o relato bíblico diz que a mãe de Moisés colocou a cesta debaixo dos juncos, à margem do rio (Leia Ex 2.1-3).
 Esta é, por exemplo, a versão Almeida Corrigida e Revista e a versão Almeida Revista e Corrigida.
A princesa viu o menino porque ela havia descido com suas amas para se banhar naquele rio. Enquanto ela se banhava, suas amas passeavam pela margem do rio, e então ela avistou a arca sob o junco, à beira do rio.
Não foi o cestinho que foi até a filha de faraó boiando nas águas, mas foi a princesa e suas amas, que ao ir banhar-se no rio viu a cesta e ao abrirem avistaram o bebê chorando (Leia Ex2.5).

De qualquer modo, Moisés corria perigo e Deus  fez com que a princesa o visse, e com a intervenção de Miriã, ele foi enviado para ser criado pela própria mãe.

3.     LIÇÕES PRÁTICAS

3.1. DEUS ESTÁ NO CONTROLE
Deus gosta de desafios, por isso que o escritor aos hebreus disse que “sem fé é impossível agradá-lo”. (hb 11.6).
Vejamos algumas provas de seus métodos excepcionais:
a.     Ao ordenar que Samuel ungisse Davi como rei, Deus exigiu que ele não atentasse para a sua aparência (1 Sm 16.7,11,12). Isso porque as estratégias de Deus são bem diferentes das dos homens. O apóstolo Paulo disse que ele não costuma usar os sábios deste mundo (sábios segundo os homens) - (1 Co 1.26-29).
Além de não ser o mais recomendado para ocupar o trono, porque  não era perito em guerra, mas era apenas um pastor de ovelhas, Deus mandou que ungisse Davi a rei, e apesar de dar o trono a ele permitiu que Saul continuasse ocupando lugar era agora lhe pertencia  por direito.
Ao lermos a história de Davi observamos o quanto Deus usou a maldade e os ciúmes de Saul para treinar seu ungido, a fim de torná-lo um rei eficiente. 
Além disso, durante esse processo Davi fez amizade com Jônatas e casou-se com a filha de Saul, de forma que com tais uniões ele aprendeu a se comportar como um membro da família real.
b.     Gideão foi chamado por Deus para livrar Israel da mão dos filisteus, sendo ele o menor da sua casa (o mais inexperiente), e a sua família era a mais pobre de sua tribo (ou seja, ele não tinha recursos materiais para preparar um exército).
E Deus ainda o fez diminuir o número de homens voluntários para a guerra, baixando o exército improvisado de 32.000 homens para 300. (Jz 7.2,8).
c.     Deus permitiu que José fosse preso, pois sabia que lá na prisão ele teria contato com o copeiro do rei (um homem que ia a presença de Faraó todos os dias), a quem Deus planejou dá-lhe um sonho, e mais tarde, depois de voltar a servir Faraó, Deus deu um sonho ao rei e fez o copeiro lembrar-se de José e recomendá-lo ao monarca do Egito, que mandou buscá-lo. O resultado desse encontro foi que José saiu da prisão direto para o comando de um dos lugares mais avançados de sua época.
d.     Moisés saiu do palácio onde estava o rei opressor e o povo oprimido, a quem deveria libertar, e Deus permitiu que ele fosse fugido para o deserto onde cuidaria de ovelhas.
No entanto, nesse ofício ele absorveu a cultura de seu povo (os hebreus eram pastores), e assim como eles passou a viver em uma terra que não era sua. Também Deus foi ensinando-lhe a ficar horas sob o quente sol do deserto, pois seria pelo deserto que ele conduziria o povo à Canaã. Nesse ofício ele também aprendeu a humildade e a mansidão, tornando-se o homem mais manso da terra (Nm 12.3).
Ao observarmos o agir de Deus para com os antepassados bíblicos percebemos que Ele está sempre no controle, e por isso precisamos confiar nele.

3.2 TODOS NÓS NASCEMOS COM UMA FINALIDADE
Paulo adverte aos irmãos coríntios (1CO 12) que todos temos dons e habilidades, no entanto, o sábio Salomão já advertia que tudo tem um tempo determinado (Ec.3.1).
Por isso, devemos aprender com a lição de Moisés que, se agirmos antes do querer de Deus nossos planos serão frustrados.
Não foi por acaso que ao ser interrogado por Moisés sobre o que responderia a Faraó caso lhe perguntasse quem o enviou, Deus lhe ordenou que dissesse o seguinte: “O Eu Sou me enviou a vós”. Porque só ele permanece sempre o mesmo.
Moisés mudou muito após ir morar em Midiã. Tornou-se inseguro e medroso. Mas quanto a Deus, a Bíblia diz que "nele não há mudança, nem sombra de variação" (Tg 1.17). O escritor aos hebreus também afirma que "Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje, e para sempre" (hb  13.8).
Todos nós mudamos com o passar do tempo e das circunstâncias, mas Deus permanece o mesmo, por isso devemos confiar nele.
Tudo o que temos e somos foi dados por Deus e deve ser direcionado por Ele, pois segundo a Sua Palavra os seus planos nunca são frustrados, mas os nossos, se estiverem fora de sua vontade, podem não se cumprir. Leia Salmo 18.30 eJó 42.2.
Bem disse Jeremias (17.5): "Maldito o homem que confia no homem, e faz dele o seu braço forte." 

3.3. OPERANDO DEUS QUEM IMPEDIRÁ?
O próprio Deus afirmou a seu respeito em Isaias 55.11:  “Assim também acontece com a Palavra que sai da minha boca: Ela não voltará para mim vazia, mas realizará toda a obra que desejo e atingirá o propósito para o qual a enviei.” 
E, em Jeremias 1.12, Ele afirmou: ”Porque eu velo pela minha palavra para a cumprir.”

Tendo em vista que os planos de Deus não serão frustrados, e sabendo que o Senhor cuida de nós (Mt 7.11), podemos tomar o conselho do salmista:
“Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele e Ele tudo fará” (Sl 37.5).


Por Leila Castanha

                                                       PESQUISAS COMPLEMENTARES:





1.    Para saber mais sobre os moradores de Canaã acesse os links abaixo:



http://mapasbiblicos.blogspot.com.br/2012/07/os-habitantes-primitivos-de-israel.html 


2.     Para saber mais sobre os hicsos acesse os links abaixo:
http://www.arqueologiadabiblia.com/2012/01/faraos-do-egito-e-o-exodo.html

http://aborigine42.blogspot.com.br/2011/11/hicsos-e-hebreus-no-egito.html




BIBLIOGRAFIA:
A Bíblia de Estudo Pentecostal
LIPOVETSKY, Gilles; SERROY. Jean. A Cultura-Mundo: resposta a uma sociedade desorientada. São Paulo: Companhia das Letras, 2011
MCNAIR, S.E. A Bíblia Explicada – 4ª ed. - Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 1983.
.OLIVEIRA, Paulo de;CLAUSEGT, Luiz Roberto; CLAUSET, Rosemary Nogueira. Enciclopédia de Ensino Integrado e Supletivo – História – São Paulo: Li-Bra, 1973.
 Organização: Departamento Editorial do Life e Lincoln Barnnett.  Maravilhas da Vida: A epopeia do homem. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1968.