O EXERCÍCIO DA MISERICÓRDIA MANIFESTA A
GRAÇA DE DEUS
Diferença
entre graça e misericóridia: Graça=
favor imerecido; misericórdia= ato
de compaixão, piedade.
Graça é o ato de Deus nos dar o que não merecemos; Misericórdia
é o ato de Deus não nos dar o que merecemos.
Cânon= É uma palavra grega que significa régua.
O objeto de medida dos antigos era uma cana,
e como os livros bíblicos tinham de ter uma determinada regra, ou seja, sua
autenticidade era “medida” de acordo com alguns padrões , ao conjunto de livros aprovados deu-se o nome de Cânon. Assim, o cânon sagrado é o conjunto de livros
reconhecidos como inspirados (aprovados).
Conhecendo os personagens: O
texto desta lição trata de três personagens: O apóstolo Paulo, autor da carta;
Filemon, o destinatário, e o escravo de Filemon, Onésimo, motivo da carta.
Filemon
era um homem rico, que tinha escravos, e um dos escravos, Onésimo, furtou algo
de valor que lhe pertencia, e fugiu. Provavelmente ele foi preso, pois conheceu
Paulo na prisão, enquanto este estava encarcerado por pregar a Jesus, pregação
esta considerada blasfêmia para os judeus.
Observação: Blasfêmia é
qualquer palavra ou expressão que ofende à divindade, ou àquilo que se tem por
sagrado.
Onésimo se converteu na prisão: Durante
o tempo em que passou preso, através do apóstolo Paulo, o escravo Onésimo
tornou-se cristão. Isso implica em que ele foi ensinado pelo mestre dos gentios
a não mais furtar (Ef 4. 22-24, 28).
Quem era Filemom: Um
cristão que tinha bom testemunho da Igreja (5-7); Havia parte da Igreja que se
reunia em sua casa, pois naquele tempo era comum a Igreja reunir-se nas casas
dos irmãos (Fm 1.2; Rm 16.5, 23; 1 Co 16.19). Provavelmente a Igreja que se
reunia em sua residência fosse uma das congregações de Colossos (Cl 4.9, 15). Filemom era Companheiro
de Paulo (17); Era um excelente cooperador, um homem com quem o apóstolo Paulo
podia contar sempre (8, 9, 21).
Filemom e a Igreja de Colossos: Parece
haver uma ligação entre Filemom e os irmãos colossenses. Vejamos:
1- Os
autores são os mesmos (Cl 1.1; Fm 1)
2- Epafras,
Aristarco, Marcos e Lucas, dentre os que estavam presos com Paulo, foram citado
na saudação aos colossenses (Cl4. 10-12; Fm 23,24);
3- Tíquico
foi enviado junto com Onésimo para apresentá-lo a Igreja, por meio da carta do
apóstolo (Cl 4.7-9).
4- Note
a preocupação de Paulo em ensinar que os senhores devem ser justos com os seus
servos, lembrando-se que também são servos de Cristo (Cl 1.1).
Paulo era sábio: Esta
carta é um rio de sabedoria, mediada por estratégia e diplomacia. Paulo tinha
um grande problema em mãos:
a) Segundo a lei romana, o escravo fujão
tinha dono: Pertencia, legalmente, a Filomom, logo, não era correto Paulo
tomá-lo para si, mesmo que para protegê-lo.
b) Seria uma afronta para seu cooperador
se Paulo não entregasse o seu escravo, pois desrespeitaria a autoridade dele
diante do servo;
c) Segundo a lei, o dono podia infligir severo castigo ao escravo rebelde, mas Paulo sabia que isso não condizia com os
ensinamentos de Cristo, que diziam para perdoar
os que nos ofendem, e ele mesmo ensinou isso à Igreja, que, provavelmente se
reunia ou já se reuniu em sua casa (Cl
3.13).
A
estratégia de Paulo:
A-Ele
envia o escravo com uma carta para o seu dono;
B-
Envia, juntamente Tíquico com outra carta para a Igreja, onde também apresenta
Onésimo como um dos seus cooperadores;
C-Ele
começa a carta evidenciando as virtudes de Filemom que o faz ser reconhecido
como cristão pela Igreja, e, particularmente, por ele mesmo (5-10).
D- Começa
a carta enaltecendo Filemom, seu amor que tem abençoado a muitos irmãos, e com
isso vai preparando o terreno para falar
de Onésimo.
E-
Coloca Onésimo como seu filho na fé, não como escravo de Filemom (peço por meu
filho Onésimo, que gerei nas minhas prisões (ele agora é um cristão)) Deixa
evidente que o próprio Filemom lhe deve respeito porque também é seu pai na fé (8-10,19).
F-Deixa
claro a Filemom que tem ciência de que, antes, ele não tinha valor algum para
ele (era um escravo que o roubou), que ele estava errado (v 11, 18), mas mostra que ele está mudado (Cl4.9).
G- Deixa
evidente de que está ciente que o escravo lhe pertence; Depois usa uma tática
formidável: Ele poderia até me servir em teu lugar (teu escravo, servindo a
Deus, em teu lugar (sempre liga o
escravo ao dono).
H- Ao
falar do erro de Onésimo ele escolhe bem as palavras: ao invés de dizer “fugido
por algum tempo”, ele diz “separado por algum tempo” ( v 15).
I- Humilha-se
ao interceder por Onésimo. Ao invés de impor, humilha-se: Mesmo sabendo que, em
Cristo, posso te mandar o que convém (Paulo era o pai na fé de Filemon, e podia
exigir dele, como cristão, a perdoar Onésimo), no entanto, ao invés de dizer "ordeno-te",
ele usa a expressão “peço-te”; Sou Paulo
o velho, e agora, prisioneiro de Cristo (8-10)
J –
Esclarece que apesar de Onésimo ter-lhe sido muito útil, deixa a decisão para Filemom permitir-lhe ter o seu escravo como seu
cooperador.
K-
Mostra o outro lado da moeda (15,16),
o fato do escravo ter feito o que fez resultou em bênção, pois, depois de ter cometido o ato errado, Onésimo conheceu
a Jesus e foi transformado, tornando-se, não apenas seu escravo, mas seu irmão
e cooperador.
L-Termina
a carta pedindo a Filemom que lhe prepare pousada para quando for solto (ou seja, ele
iria, pessoalmente, ver como estava o escravo).
O
apóstolo Paulo sempre teve preocupação com as palavras: Cl 4.6;
Ef 4.29.
Paulo
esclarece à Igreja que as leis humanas não podem sobrepujar a divina: Cl 2.12-15;
3. 9-14.
A escravatura e o cristianismo: Segundo S.E.McNair (A Bíblia
Explicada), esta epístola tem sido usada para justificar a escravatura, no
entanto, indaga ele, “a escravatura continuaria se os versículos 16, 17 fossem
postos em prática?”.
O exercício da misericórdia: Um dos fruto do Espírito é a longanimidade. Longanimidade significa "paciência para suportar grandes ofensas". O cristão é convocado a perdoar, pois, de acordo com a oração de Jesus, somos perdoados a medida que perdoamos (Mt 6.12, 14,15); "O juízo será sem misericórdia para os que não exercem misericórdia". (Tg 2.13).
Analogia
da redenção: Paulo tipifica Cristo, que resgata o homem
mesmo das prisões do pecado e serve de intercessor entre o homem e Deus (1 Tm
2.5). O homem sempre pertenceu a Deu, o pecado o fez afastar-se dele (Is 59.2).
Paulo se propôs a pagar a dívida de Onésimo para que Filemon o tratasse com misericórdia,
e para garantir isso envia-lhe com uma carta onde Paulo lhe admoesta a dá-lhe
nova chance (Cl 2.14). Agora Onésimo volta para seu dono não como escravo, mas com
honra (“Receba-o como a mim mesmo – 17), da mesma forma somos co-herdeiros com
Cristo (Rm 8.17). Paulo não pede nada em troca, assim como Cristo nos deu a salvação pela graça (Ef 2.8).
Por Leila Castanha