HISTÓRIA DA ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL
AGORA VAMOS VER A HISTÓRIA DA
ESCOLA DOMINICAL NAS SUAS RAÍZES
A HISTÓRIA DA ESCOLA DOMINICAL
A Escola Dominical
tal como a temos hoje é uma instituição moderna, mas tem suas raízes
aprofundadas na antiguidade do Velho Testamento, nas prescrições dadas por Deus
aos patriarcas e ao povo de Israel. A Escola, como a temos hoje não havia
então, mas havia o princípio fundamental- o do ensino bíblico determinado
por Deus aos fiéis e aos estranhos ao seu redor. Sempre pesou sobre o povo de
Deus a responsabilidade de ensinar a lei divina.
A escola Dominical é a fase presente da
instrução bíblica milenar que sempre caracterizou o povo de Deus.
Estudemos, em resumo, como se
desenvolveu a instituição religiosa nos tempos bíblicos e nos tempos modernos,
isto é, os primórdios, que depois resultaram na origem e desenvolvimento da
Escola Dominical em sua forma atual.
I. NOS DIAS DE MOISÉS:
Examinando o pentateuco, vemos que no princípio, entre o
povo de Deus, eram os próprios pais os responsáveis pelo ensino da revelação
divina no lar. O lar, então, era de fato uma escola onde os filhos aprendiam a
temer e amar a Deus (Dt 6.7;11.18,19).
Havia também reuniões públicas de que
participavam homens, mulheres e crianças, aprendendo a lei divina (Dt
31.12,13).
II. NA ÉPOCA DOS SACERDOTES REIS E PROFETAS DE ISRAEL
Os sacerdotes, além do culto divino,
tinham o encargo do ensino da Lei (2 Cr 15.3; Jr 18.18; Dt 24.8; 1 Sm 12.23).
Os sacerdotes eram intermediários entre
o povo e Deus, assim como os profetas eram intermediários entre Deus e o povo.
Os reis de Judá, quando piedosos,
aliavam-se aos sacerdotes na promoção do ensino bíblico. Temos disto um exemplo
no bom rei Jeosafá que enviou líderes levitas e sacerdotes por toda a terra de Judá para ensinarem ao povo a Lei do Senhor (2 Cr 17.7-9).
III. DURANTE O CATIVEIRO BABILÔNICO
Nessa época, os judeus no exílio,
privados de seu grandioso templo em Jerusalém, instituíram as sinagogas tão
mencionadas no Novo Testamento. A sinagoga era usada como escola bíblica, casa
de cultos e escola pública. O filósofo judeu, Philo de Alexandria, falecido em
50 AD, com seu testemunho insuspeito, afirma que “as sinagogas eram casas de
ensino, tanto para crianças como para adultos” (Benson).
Na sinagoga a criança recebia instrução
religiosa dos 5 aos 10 anos de idade; dos 10 aos 15 anos, continuava a
instrução religiosa, agora com o auxílio dos comentários e tradições dos
rabinos. Aos sábados, a principal reunião era a matutina, incluindo jovens e
adultos.
IV. NO PÓS-CATIVEIRO
Nos dias de Esdras e Neemias, lemos que
quando o povo voltou do cativeiro, um grande avivamento espiritual teve lugar
entre os israelitas. Esse grande despertamento teve origem numa intensa disseminação da Palavra e Deus e incluiu um vigoroso
ministério do ensino bíblico. É dessa época que temos o relato do primeiro movimento
de ensino bíblico metódico popular similar ao da nossa Escola Dominical de
hoje.
O capítulo 8 do livro de Neemias dá um
relato de como era a escola bíblica popular de então – ou como chamamos hoje:
Escola Dominical. Esdras era o superintendente (Nee 7.2), o livro-texto era a
Bíblia (v.3), os alunos eram homens, mulheres e crianças (v3; 12.13). Treze auxiliares ajudavam a Esdras na direção dos trabalhos (v.4),
e outros treze serviam como professores, ministrando o ensino (vv. 7,8). O
horário ia da manhã ao meio dia (v.3), afirma o v.8 que os professores liam a
Palavra de Deus e explicavam o sentido para que o povo entendesse. É certo que
aí há um problema linguístico envolvido (o povo falando o aramaico ao retornar
do exílio), mas o que sobressai mesmo é o ensino bíblico patente em todo o
capítulo. Por certo, o leitor gostaria de ter pertencido a uma escola assim,
espiritualmente avivada.
O resultado desse movimento de ensino
da Palavra foi a operação do Espírito Santo em profundidade no meio do povo,
conforme atesta todo o capitulo 9 e os subsequentes do livro de Neemias. É o
cumprimento da promessa de Deus em Is 55.11.
* “Assim será a minha
palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o
que me apraz e prosperará naquilo que a enviei.”
V. NOS DIAS DE JESUS
A. Jesus foi o Grande Mestre, glorificando assim
a missão de ensinar. Das 90 vezes que alguém se dirigiu a Cristo, 60 vezes Ele
é chamado de “Mestre”. Grande parte do ministério de nosso Senhor foi ocupado
com o ensino. Ver Lc 20.1; Mt 4.23;9.35. Sua última comissão à Igreja foi “Ide
e ensinai” (Mt 28.19,20). Sua ordem é clara.
A quem e onde Jesus ensinava?
· Nas sinagogas (Mc 6.2).
· Em casas particulares (Lc 5.17; Mc 2.1).
· No templo (Mc 12.35).
· Nas aldeias (Mc 6.6).
· Às multidões (Mc 6.34).
· A pequenos grupos e individualmente (Lc 23.27).
B. O ministério de Jesus era tríplice: Ele pregava, ensinava
e curava. Era, pois um ministério de poder, de milagres. Pela pregação ele
anunciava as boas novas de salvação; pelo ensino, edificava a fé dos que criam,
e pelos milagres, manifestava Seu pode, Sua divindade e glorificava ao Pai.
Esse mesmo ministério tríplice foi ordenado e confiado à Igreja (Mc 16.15; Mt
28.19).
C. Seus apóstolos também ensinavam (Mc 6.30; At 5.21).
D. Aplicação. É evidente que se a Igreja de hoje
cuidasse devidamente do ensino bíblico junto às crianças e novos convertidos,
teríamos uma Igreja muito maior. Pecadores aos milhares convertem-se, mas
poucos permanecem porque lhes falta o apropriado ensino bíblico que lhes
cimente a fé. Falta-lhes raiz ou base espiritual sólida e profunda. A planta da
parábola morreu, não porque o sol crestou-a, mas, principalmente porque não
tinha raiz (Mt 13.6).
VI. NOS DIAS DA IGREJA
A. Após a ascensão do Senhor, os apóstolos e discípulos continuaram a
ensinar. A Igreja dos dias
primitivos dava muita importância a esse ministério (At 5.41,42).
B. São Paulo, um grande mestre, foi maravilhosamente usado por Deus nesse
mister. Ali tanto há alimento
para adultos como para criancinhas espirituais. Ele e Barnabé, por exemplo,
passaram u m ano todo ensinando na Igreja em Antioquia (At 11.26). Em Éfeso,
ficou três anos ensinando (At 20.20,31). Em Corinto, fcou um ano e seis meses
(At 18.11). Seus últimos dias em Roma foram ocupados com o ensino da Palavra
(At 28.31).
C. Mais tarde vemos que a marcha do ensino bíblico na Igreja sofreu solução
de continuidade, devido a males que
penetraram no seio da mesma. Houve calmaria. A Igreja ficou estacionária. Ganhou fama mais perdeu poder. Abandonou o método prescrito por Jesus: o de
pregar e ensinar. Sobrevieram a seguir as densas trevas espirituais da Idade
Média.
D. Muitos séculos depois veio a Reforma Religiosa e com ela a imperiosa necessidade de ensino bíblico para instruir os
crentes, consolidar o movimento e garantir sua prossecução. Os líderes da
Reforma dedicaram especial atenção ao preparo de livros de instrução religiosa,
bem como reuniões destinadas a esse mister.Eles sabiam que o trabalho não
consistia somente em pregar, mas também em instruir espiritualmente.
E. Tanto o pregador como o
professor usam a Palavra de Deus, mas os ministérios são diferentes. O
pregador anuncia ou expõe o Evangelho, a Palavra de Deus. Assim fazendo, ele
lança a rede e a as almas perdidas são ganhas por Jesus. Já o professor, sua
missão é instruir, simplificar as verdades bíblicas, ilustrá-las, dissecar o
texto bíblico e repetir sempre até que todos entendam as verdades que deseja
transmitir. O professor da Escola Dominical deve lembrar-se que ensinar não é
pregar. Diante de sua classe, ele não é orador, mas professor.
F. A Igreja nunca devera esquecer a amarga e desastrosa
experiência resultante do descuido e abandono da instrução religiosa das
crianças nos tempos que precederam a tenebrosa Idade Média.
.
(Extraído do livro “Manual da Escola
Dominical”, Antonio Gilberto – Unidade III, pp. 110-114).
*Bíblia Sagrada, versão Almeida
Corrigida e Revista.
BIBLIOGRAFIA:
GILBERTO, Antonio. Manual da Escola Dominical: um curso de treinamento
para professores iniciantes e atualização de professores veteranos da Escola
Dominical. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 1981.
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