A primeira língua de Jesus está ameaçada por perseguições
religiosas
imagem de letraslivroseafins (alfabeto aramaico) |
A maior parte dos falantes de aramaico
esteve concentrada nos últimos anos em três cidades iraquianas na planície de
Nínive: Qaraqosh, Tel Kepe e Karamlesh. Desde agosto, com o avanço de radicais
islâmicos na região, linguistas se mostram preocupados com o risco de extinção
do idioma, que ainda está presente naquela parte cristã do Iraque, em número
cada vez menor.
Segundo
Ross Perling, diretor de uma ONG que investiga processos de extinção de línguas
(a Endangered Language Alliance) em Nova York, a Organização das nações Unidas
(ONU) calcula que 200 mil falantes de aramaico fugiram de Nínive com medo de
serem expulsos, mortos ou forçados a converter-se ao islamismo.
O
aramaico, que 3 mil anos atrás era um idioma franco – algo como o “inglês”
atual, só que nos tempos do império assírio – abrange línguas e dialetos
semitas. Os falantes da língua eram 500 mil nos anos 90, número que teria diminuído com a diáspora. Na Síria,
milhares de falantes do idioma residentes na cidade de Malula em dois povoados
próximos fugira para Damasco, após o lugar ter sido dominado por forças
rebeldes, em setembro de 2013.
O
idioma resistiu à imposição do grego por Alexandre, o Grande, no século 4 a.C. –
difundindo-se na antiga Palestina – e à I Guerra Mundial, na qual nacionalistas
turcos massacraram armênios e gregos e perpetraram o genocídio assírio, matando
ou expulsando da Turquia Oriental a população cristã, que fugiu para o Irã e o
Iraque. Isso sem contar a perseguição do aiatolá Khomeeini e de Saddam Hussein
aos cristãos falantes do idioma.
(Revista
Língua Portuguesa – Outubro de 2014, página 8).
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