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O amor
aceita tudo, dizem às vezes. Cautela! Não são raras as ocasiões nas quais,
exatamente por amar, é que não devemos aceitar algumas atitudes.
Existe
uma diferença significativa na vida, quando se pensa na relação com os outros,
entre compreender e aceitar. Uma pessoa só pode aceitar ou
rejeitar algo ou alguém depois de o ter compreendido.
No
entanto, o fato de eu compreendê-lo e, portanto, por exemplo, também amá-lo,
não significa que eu aceite o que você faz. Aliás, o amor pressupõe, inclusive,
a capacidade de discordar daquele a quem se ama. A discordância é um sinal de
amorosidade, quando feita com respeito. Se eu vivo com alguém que sempre concorda
comigo em tudo que eu faço, é sinal de que talvez essa pessoa não se importe
tanto comigo. Cuidado com gente que concorda com você o tempo todo. Claro, você
não pode conviver com alguém que só discorda. Mas alguém que só concorda lhe
deixa estacionado.
Quantas
vezes meus filhos discordam de mim e eu discordo deles? A discordância
respeitosa é sinal de amorosidade. Agora, quando eu digo “Eu amo você, mas
discordo disso que você está fazendo”, isso dá substância ao amor.
Qual a
boa frase? “Eu compreendo até que você faça, quero ajudá-lo a parar de fazer
isso, mas não aceito que você faça. Não significa que eu o abandone mas
significa que eu não quero que você faça e estarei junto de você para que deixe
de fazê-lo, porque o que você faz é errado.”
Se
você está fazendo algo que é certo, eu não só compreendo, como aceito. Se
aquilo que você faz é equivocado, lhe aceito, mas não aceito o equívoco. Eu te
amo, mas não aceito o que está errado. É a clássica frase que algumas
religiões usam: “Não esqueça de amar o pecador, mas rejeite o pecado”.
É como
o médico bom. Ele aprecia o doente, mas não aprecia a doença. Ele gosta do
doente, mas não da doença. Ele vai falar para você. “Pare de fazer isso. O seu
colesterol está alto. Você está acima do peso, e eu não quero que continue
engordando. Eu lhe estimo e você vai reduzir alimento calórico, diminuir a
ingestão de fritura, vai ter de andar mais. Sabe por que estou dizendo isso?
Porque eu lhe respeito. Porque, se eu não lhe respeitasse, seria indiferente”.
Como
pais e mães, podemos sim dizer: “Aqui estou, quando você mudar de postura e
achar que é a hora do apoio, estarei lhe esperando, mas não me obrigue a
engolir aquilo que é errado apenas porque eu lhe gerei. O fato de eu ter lhe
gerado me dá responsabilidade sobre você, mas essa responsabilidade não é
ausente de deveres da sua parte e da minha.
Um dos seus deveres e um dos meus é cuidarmos reciprocamente um do outro. O que
você está fazendo, eu imagino, jamais aceitaria que eu fizesse. Não tenho
dúvida de que você diria para mim: ‘Eu o amo, pai, mas não aceito isso que você
está fazendo’”.
“Faça
o que quiser da sua vida”. Esta frase é a do desamor, não a frase do amor.
Mario
Sergio Cortella
(Extraído
de “Não se desespere – provocações
filosóficas”).
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